Boa viagem, amigo Lúcio
Uma homenagem não só ao empresário, como também ao ser humano e pai de família; ao homem que era ótima companhia, muito engraçado, irreverente e alto astral

No Brasil, quando se fala o nome Lúcio Costa, quem é bem informado e tem memória, lembra do arquiteto que projetou o plano piloto de Brasília. Este Lúcio Costa morreu em 1998, aos 96 anos e, pelo menos entre os arquitetos, está eternizado.
Em Belo Horizonte, quando se fala o nome Lúcio Costa, quem teve a sorte de conviver com ele sabe que é o empresário conhecido por sua trajetória resiliente e vitoriosa.
Lúcio Costa é sinônimo de “Cook Cozinhas & Ambientes” e de “Suggar Eletrodomésticos”.
Amigo da minha família, do meu pai. Aprendi a ter esta amizade também. Lúcio Costa tinha 76 anos e fez sua passagem na manhã de uma sexta-feira, dia 30, no calor das vésperas das eleições.
Isso não impediu que a legião de amigos lamentasse e prestasse as devidas homenagens, como faço agora. Ele merece e muito mais.
Homenagem não só ao empresário, como também ao ser humano e pai de família.
Ao homem que era ótima companhia, muito engraçado, irreverente, alto astral e principalmente amigo dos amigos, incondicionalmente. Aliás, esta última qualidade é o que mais falta no Brasil.
Mas voltando ao empresário Lúcio Costa, ali morava o grande exemplo de superação, talento, coragem e empreendedorismo.
Começou catando latas e sucatas na infância, no bairro Santa Efigênia e terminou um grande empresário.
Na década de 1970 criou a “Cook”, cozinhas de fórmica planejadas. Naturalmente, quem quer cozinha, quer eletrodomésticos, daí a “Suggar”, que começou pelos exaustores para, em seguida, se tornar uma gigante.
Mas, tirando o lado material, o que deixa um homem, quando parte?
Depende do homem. Lúcio, mesmo sendo um simples mortal, como acabamos de sentir e chorar; deixa apenas coisas boas, ótimas lembranças e muitos exemplos.
Elegante, discreto, extremamente gentil. Atencioso, generoso, humilde, com muita classe.
Quem quiser lições sobre vendas e administração, trabalho e sucesso, basta mergulhar na história profissional de Lúcio Costa, que está aí e vai ficar.
Quem quiser lições sobre humanismo vai ter um pouco mais de dificuldade porque Lúcio partiu. O jeito então é conhecer sua família e os muitos amigos que deixou cantando: “Naquela mesa está faltando ele...”.
Que mesa? Todas! As dos bares e restaurantes onde ele distribuía flores em forma de palavras e sorrisos. E claro; mesa de cozinha. Principalmente aquelas mesas de cozinhas projetadas, como arquitetos projetam cidades.
Vá em paz, amigo Lúcio. Obrigado pela honra de termos convivido com você.
Tomara que aí, boiando em nuvens, velando por nós e pelo Brasil, você solte mais uma risada com esta última e infame piada verdadeira: Vai faltar exaustor para sugar toda a falta que você já nos faz.
Abraços, não, até breve, mas até um dia, com certeza.