Crianças aproveitam mais e se divertem em feira literária em Tiradentes
Atualizado: 27 de abr.
Com homenagem ao cartunista mineiro Ziraldo, terceira edição da Fliti tem até estreias de atores de TV como escritores

Edição 2022 da Fliti em Tiradentes teve a presença de cerca de 20 mil visitantes (Foto: Lu Rezende)
A 3ª Feira Literária de Tiradentes, realizada de 3 a 6 de novembro, finalizou com protagonismo dos alunos da rede pública de Tiradentes que participaram ativamente do evento. Além disso, a organização registrou a presença de cerca de 20 mil visitantes e o lançamento de diversos títulos. Não foi informada a quantidade de obras comercializadas.
“É muito importante fazer da feira literária uma grande diversão”, acrescenta idealizadora do Fliti, Cristina Figueiredo. Neste ano, a feira prestou homenagem aos 90 anos do cartunista mineiro Ziraldo.
Para incentivar o acesso à literatura da turminha, a Cemig – uma das empresas apoiadores da mostra – distribuiu cerca de 1.500 vales-livros para crianças e adolescentes da rede municipal de Tiradentes.
Após quatro dias de feira, veja o balanço divulgado pelos organizadores:
20 mil visitantes no geral;
1 mil crianças da rede pública municipal participantes;
100 atrações;
30 editoras presentes;
Vídeo traz os melhores momentos da Fliti 2022. Assista:
Só elogios
Escritores, editores e executivos de entidade ligadas à literatura mostram-se satisfeitos com os resultados da Fliti 2022.
A presidente da Câmara Mineira do Livro, Glaucia Gonçalves, ficou impressionada com a participação dos pequenos leitores. “Crianças, aproveitem muito a infância, brinquem muito e leiam. Ruben Alves, um grande poeta já falava que o livro é um brinquedo com letras, então descubram as histórias e o mundo da fantasia nos livros”, ressaltou.
Já a vice-presidente da academia de letras de São João Del Rei, Ana Cintra, destacou que a terceira edição foi perfeita, diversificada, atraindo um público que realmente gosta de literatura. “O ambiente estava muito gostoso e isso estimula jovens autores e os que já estão na estrada há muito tempo”, salientou.

Cristiana Oliveira e Beth Goulart estreiam como escritoras e apresentam duas obras na Flit 2022 (Foto: Lu Rezende)
A Fliti 2022 marcou a estreia de atores da TV como escritores. É o caso da eterna Juma – da primeira versão da novela Pantanal, Cristiana Oliveira. Ela conta que aos 52 anos, já como atriz conhecida e respeitada, percebeu que realmente estava envelhecendo e começou a lidar com as questões pessoais de uma forma leve e divertida. “Eu tive uma trajetória de vida que eu tive que amadurecer e aprender. Fui até o fundo do poço e dali realmente eu não tinha pra onde ir, a não ser levantar e, assim, comecei a escrever esse livro”, explica a atriz, agora escritora do livro “Versões de uma Vida”.
A também atriz Beth Goulart aproveitou o evento de Tiradentes para apresentar o livro escrito em homenagem a mãe, a também atriz Nicete Bruno, morta em 2021. “Viver é uma Arte: Transformando a dor em Palavras” era para ter sido escrito com saudosa mãe. “Era nosso primeiro livro juntas”, lembra.
Segundo ela, Nicete Bruno era sua maior referência de vida. “Aprendi com ela o amor, sentimento maior que governa a minha vida. Perder a minha mãe me jogou no vazio. E agora, quem sou eu? A perda dela me fez repensar a minha identidade, me aprofundar dentro de mim mesma para encontrar essa essencialidade e a força de minha voz, a minha pessoalidade. Tive que encontrar a minha mãe dentro de mim”, acrescentou.
O que disseram
Outros escritores também apresentaram obras de vários temas durante a Fliti 2022. Veja alguns depoimentos:
“Falei sobre meus livros e minha trajetória para um público diverso. No Ônibus falei com muita criança, li histórias, fiz brincadeiras poéticas, foi muito divertido” - Leo Cunha, escritor do livro “Uma História de Muitas Histórias e Poemas e Brincadeiras”
“Este é um evento muito importante, principalmente para muitos que não têm a oportunidade de ir para outros eventos literários. Aqui, podemos estar perto da leitura” - Penelope Clearwater, escritora do livro “O cretino do meu chefe”.
“No caso da educação, mais do que qualquer outra área, você não entende os problemas do presente e os desafios do futuro se você não souber contextualizar do ponto de vista histórico. A educação é uma área que quando a gente avalia os alunos com teste de larga escala, quando você faz isso, a maior parte que você está captando é um efeito do passado” - Antonio Gois, escritor do livro “O Ponto a que Chegamos: Duzentos Anos de Atraso Educacional e Seu impacto nas Políticas do Presente”.
“Ninguém estava prestando atenção que as crianças também estavam sofrendo. De repente, pararam e tiveram que ficar em casa, sem nem poder ir ao colégio. Eu resolvi perguntar o que as crianças achavam da pandemia e como seria o futuro. Elas me mandaram depoimentos e resolvi publicá-los” - Luciana Savage, escritora do livro “Minhas Histórias são suas Histórias- o Que Sentimos com o Isolamento”.
“Existem vários tipos de humor e depois do Casseta levamos isso adiante. Começamos escrevendo revistas e não na TV. Sempre atuei nos livros de humor e hoje se vende menos do que já se vendeu antes no Brasil, isso por questões da indústria editorial e do mercado que vive de moda” - Beto Silva, humorista e escritor do livro “Estão Matando os Humoristas”.
“Defendo uma literatura que visa fortalecer as identidades de crianças e jovens negros e não negros no Brasil, trazendo como centralidade os conflitos que ocorrem no cotidiano, em sala de aula, nas escolas, a partir da minha experiência de 40 anos como professora em escola infantil e berçário” - Kiusam de Oliveira, escritora do livro “LINEBEIJU: A Literatura Negro-Brasileira do Encantamento Infantil e Juvenil como caminho para a Liberdade”.
Galeria mostra como foi a Fliti 2022:
Fotos: Lu Rezende