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Elizabeth Forever

Mas por que ela era tão Rainha, mesmo para nós, brasileiros? A resposta é longa e interessante como os seus 96 anos



A Rainha Elizabeth II morreu! Viva o Rei Charles III! Vai ser difícil chamar o Príncipe Charles de Rei Charles III. Mesmo assim, o hino nacional do Reino Unido já trocou o nome de “God Save the Queen” para “God Save the King”. Assim caminha a humanidade, assim vira-se mais uma longa página da história.


Mas por que Elizabeth II era tão Rainha, mesmo para nós, brasileiros?


A resposta é longa e interessante como os 96 anos de Elizabeth; os 70 anos, sete meses e dois dias como Rainha, não só dos ingleses. Entre seus colegas, só Louis XIV (1838-1715), na França, reinou mais: 72 anos. Isso porque foi Rei aos cinco anos de idade. Em compensação morreu 20 anos mais jovem, aos 76.


A popularidade de Elizabeth vinha; claro, do título de Rainha. Foi Rainha dos ingleses, dos britânicos e de outras 53 nações - a Commonwealth - que um dia formaram o Império Britânico, aquele “onde o sol nunca se põe”, por abranger 20% do planeta. Era uma rainha simbólica, “para inglês ver”, sem poder, mas Rainha mesmo assim, respeitada, amada e venerada como tal.


Mas temos mais, muito mais, umas 96 razões.

Elizabeth II era como uma “tiazona” do mundo, nossa tia-avó ou bisavó. Desde que nos entendemos por gente ela era Rainha. E são inúmeras as brincadeiras, os atuais “memes”, com sua longevidade. Como suas lembranças: “Jesus Cristo era o mais inteligente da nossa sala”; “Sou meio surda desde o Big Bang. Pense numa explosão alta” ou ainda “Querido Drácula, por aqui tá tudo bem, ninguém suspeita de mim”.


Brincadeiras que o Mick Jagger vai herdar. A vida é séria, a morte, certa. Demorou mais chegou.

Desde que seu amado marido, Philip, morreu, com quase 100 anos, em 2021, Elizabeth II dava sinais de cansaço e saúde frágil. Depois de seu Jubileu de Platina, este ano, diminuiu a extensa agenda, aproveitando para treinar o Príncipe Charles como Rei Charles.


Mas voltemos à pergunta, por que a Rainha era tão popular, tão querida?


Por incrível que pareça, ainda hoje, Século 21, o mundo está repleto de Reis e Rainhas; sendo que a grande maioria é apenas rica, tradicional; “decadense avec elegance”.


Elizabeth II, não! Ela, mesmo sem poderes políticos, era uma das mulheres mais influentes e respeitadas do mundo. Por quê?


Talvez por causa do mesmo enorme Império Britânico e sua fama histórica. Ingleses, como todos os mortais, nunca foram santos, muito pelo contrário. Mas sempre estiveram do lado “certo”, do lado vencedor, do lado de quem escreve a história.


Como nas duas Guerras Mundiais. Da carnificina, a Primeira Grande Guerra (1914-1918), Elizabeth escapou, mas só porque ainda não tinha nascido.

Mas da Segunda (1939-1945) participou e ativamente, como motorista e mecânica de automóveis. Aqui, não podemos esquecer a coragem e o exemplo da família real que protegeu suas crianças, enviando-as ao interior, mas ficou em Londres, como qualquer cidadão, sob as bombas nazistas que destruíram a cidade.

Em 1952, aos 25 anos, com a precoce morte de seu pai, George VI, é coroada e aí começa a lenda, “não eterna, posto que era chama, mas infinita enquanto durou”.


Conheceu e sobreviveu a todos os líderes mundiais. Todos os James Bond. Foi testemunha dos maiores acontecimentos históricos, na primeira fila.


A “menina dos olhos”, Elizabeth era uma unanimidade em seu “Reino Desunido” e no mundo. Se Bolsonaro decretou luto de três dias, sua morte foi lamentada pelo papa “entristecido”, e incontáveis chefes de Estado, incluindo Biden e até Putin que definiu sua morte como “perda irreparável”.


Na Escócia, onde morreu “tranquilamente” e em Londres, os primeiros súditos entrevistados mostraram-se órfãos e a elogiaram com palavras chave. Para todos; a Rainha era sinônimo de dignidade, estabilidade, elegância, tradição, devoção, dever e amor pela Pátria. Ela era uma “rocha”, um “granito”; um símbolo; forte, firme, discreta, secreta, interessada, interessante, curiosa e exemplo maior do típico humor britânico.


Manteve seu reino unido, tarefa árdua para o futuro Rei. Mais que o reino, manteve também, enquanto conseguiu; sua escandalosa família unida. Outra tarefa árdua para Charles, daqui para frente.


Em 96 anos, uma única vez Elizabeth viu sua popularidade cair, quando da morte de Lady Di. O povo considerou sua reação fria, insensível, indiferente. Inteligente, Elizabeth teceu elogios à Diana e, depois disso, reconquistou a popularidade, agora, eternizada.


Mais que ninguém na Família Real, Elizabeth seguiu a liturgia do cargo não poupando sacrifícios. Pessoais, mas também cobrando e exigindo o mesmo da irmã; dos filhos, noras e netos.


Quem quiser saber mais sobre a Rainha Elizabeth, a família real e a história recente do mundo; recomendo a excelente série da Netflix, “The Crown”. Série que explica o estilo de Elizabeth; a conduta real e a regra “never complain, never explain, está tudo lá, até demais.

“Adeus também foi feito pra se dizer, bye bye, so long, farewell”, Beth!


R.I.P. Elizabeth II, Única e Forever!

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