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Futebol, Política e Religião

Atualizado: 25 de nov. de 2022



Sem a bola de cristal da Mãe Dinah, tentemos alguma lógica sobre quem vai ganhar a Copa do Brasil - as eleições - e quem vai levar a Copa do Mundo, no Catar.


Vejamos! Nosso primeiro título na Copa do Mundo – e o Brasil é o único a ter participado de todas as Copas – foi na Suécia, dia 29 de junho de 1958.


Depois deste título, o jornalista, dramaturgo e profeta, Nelson Rodrigues, um de nossos gênios literários, cunhou a máxima de que, com o título, finalmente o Brasil perdia seu “Complexo de Vira Latas”.


Trocando em miúdos, a Copa da Suécia elevou, para sempre, nossa autoestima; espantando o fantasma de 1950, quando perdemos a final para o Uruguai, num Maracanã com quase 180 mil pessoas, recorde do mundo e eterno. Espantamos também nossa fama de perdedor, de terceiro mundo, ou seja, de Mané. Ou não...

1958, quando o Brasil começou a se industrializar, foi o ano da Bossa Nova, do Cinema Novo e da construção de Brasília. E nosso líder era ninguém menos que o “Presidente Bossa Nova”, o mineiro, unanimidade nacional, JK.


Quatro anos depois, 1962, no Chile, o Brasil sagrou-se bicampeão do mundo, dia 17 de junho. Festa renovada, provando que o Brasil era o Tal; que o Brasil não era exceção, mas começava a ser regra.


Em 1962, um ano depois de Jânio Quadros renunciar, alegando forças ocultas e terríveis contra ele, o presidente do Brasil era outro J, o gaúcho João Goulart, o Jango. Aí, veio 1964...


Em 1966, o Brasil fez pouco e deixou os ingleses serem campeões do mundo, em casa, pela primeira vez. Até hoje, última e única vez.


1970! Aí sim, um ano mágico e inolvidável. Brasil tricampeão, dia 21 de junho, no México. Festa total e, salvo engano, a primeira Copa transmitida em cores, pela TV. O Brasil, bombava, literalmente.


Em 1970, depois de seis anos, vivíamos sob o Regime Militar. O presidente era o general Emílio Garrastazu Médici, outro gaúcho.

Desde então amargamos o maior jejum de Copas, 24 anos a ver navios.


A maldição só foi quebrada dia 17 de julho de 1994, nos Estados unidos, graças a São Romário. Ufa!


Em 1994, finalmente em regime democrático, o presidente do Brasil era “um mineiro da Bahia”, Itamar Franco, substituindo Fernando Collor, depois do impeachment.


Em 1998, o Brasil deu vexame e a Copa do Mundo aos anfitriões, na França. O presidente era o senhor carioca, com jeito de Avenida Paulista, Fernando Henrique Cardoso, o FHC.


O mesmo FHC que, depois de polêmica reeleição, continuava presidente, quando, dia 30 de junho de 2002, o Brasil conquistou o Penta, na Copa do Japão e Coréia do Sul.

E assim, de repente, depois de 20 anos sem levantar a taça, passando pelo vexame de 2014, o 7X1, no Mineirão; chegamos à estranha e conturbada Copa do Mundo, no Catar, que já começou diferente, em novembro e não no tradicional junho.


O presidente do Brasil é paulista, com jeito carioca e brasileiro, Jair Bolsonaro. E vai continuar sendo, quando a Copa acabar.

Será que Bolsonaro vai receber a Seleção Brasileira, em Brasília? Terá clima para isso? Vai virar o jogo, na prorrogação, apesar do juiz?


Incógnita geral! A começar pela Seleção que, se não vencer, vai fazer o Brasil esperar mais 24 anos. Ou mais!


Resumo da ópera! A Copa de 58 coroou os Anos Dourados do Brasil e de JK.


As Copas de 1962, 1994 e 2018 foram picolés de chuchu, sofreram a Maldição dos Vices, nuvens passageiras: Jango, Itamar e Michel Temer.


As Copas de 1978, do general Geisel e de 1982, do general Figueiredo, foram duas grandes injustiças. Impecáveis seleções que deixaram saudade e que, como Tancredo Neves; foram sem nunca ter sido.


Ao contrário de todas as outras, a Copa de 1970 serviu muito aos militares, foi a Copa do “Eu Te Amo, Meu Brasil”, “Brasil, Ame-o ou Deixe-o” e de “A Taça do Mundo é Nossa”. Com brasileiro, não quem possa. Como a de 1978, que aliviou a barra dos generais argentinos.


A de 2002 também passou batido, fim de mandato de FHC, passando a bola para o PT que, em 16 anos, não ganhou uma só Copa.


Em 2022 saberemos em breve. O Brasil, de norte a sul, está verde e amarelo. Mas não por causa da Copa. Como disse a fabricante Nike, as camisas do Brasil estão esgotadas, por causa da política, as manifestações que não pedem gols, nem taça; mas ordem, progresso e liberdade ainda que tarde.


Termino com uma frase atribuída ao saudoso patriota, outro profeta, Enéas Carneiro: “O dia em que o povo brasileiro estiver mais preocupado com a política do que com a Copa do Mundo, o Brasil finalmente começará a mudar”.


Religião? O pio ou ópio do povo? Quando alguns jogadores, supremos e políticos se acham Deuses, melhor deixar para lá porque, como o futebol e a política; não se discute. Ou não?





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