O Primeiro Dia de Maio
Atualizado: 4 de mai.
Por que o 1º de Maio é uma das datas mais importantes, em boa parte do mundo?

(Foto: Divulgação CC)
Comecemos pelo final, que poderia ser o tema principal, neste 1º de maio, Dia do Trabalho, do Trabalhador.
A Justiça Trabalhista precisa parar de tratar o empregador como bandido. Simples! Quanto mais perseguido e criminalizado, menos trabalho, mais desemprego. Justiça tem que servir aos dois lados ou não é Justiça.
Alô Justiça do Trabalho, Governo Federal! Que tal diminuir os impostos sobre a folha de pagamento? Ainda vivemos no Capitalismo.
Sem o lucro, legítimo e merecido, o empregador fecha a empresa, a indústria. Ou a transfere para outro país, como já acontece na Europa e Estados Unidos. Sem patrão: sem empregado, sem trabalho!
Agora, podemos voltar ao tema do título. Por que o 1º de Maio é uma das datas mais importantes, em boa parte do mundo? Em uns 80 países, entre 196.
Porque é o Dia do Trabalho, o Dia do Trabalhador! Trabalho e trabalhadores movem o mundo, fazem países e História.
“Para variar”, é fruto de muita luta, em especial, a da classe trabalhadora, por seus direitos, ela que só tinha trabalho e deveres. Esta eterna luta, das mais justas; e cada vez mais atual, nasceu em Chicago, Estados Unidos, no final do século 19, na esteira da Revolução Industrial.
Revolução que não titubeou a usar até o trabalho infantil, absurdo que ainda existe, em pleno Século 21.
Naquela época as condições de trabalho eram horríveis. Jornada com mais de 12 horas por dia, sem sábado ou domingo! Salários extremamente baixos; preocupação com segurança e saúde Nota Zero.
E, de novo, pensar que em muitos países, incluindo o Brasil, ainda existem situações não muito diferentes, com trabalho quase escravo.
Poderia ter sido em Londres, na Inglaterra, onde começou a Revolução Industrial, no Século 18. Mas foi em Chicago, onde as péssimas condições de trabalho incitaram protestos em 1º de maio de 1886.
No caso do Brasil, o 1º de Maio surgiu no final do Século 19. Acabou a aula de História, passemos ao recreio.
Ganhar dinheiro, honestamente, é muito bom, saudável e motivo de orgulho. E dinheiro honesto só vem de um “lugar”, do trabalho, também honesto.
Trabalho honesto, mesmo fundamental, oferece vários perigos porque tênue é a linha entre trabalho, escravidão e até o sadismo.
Muita gente sabe o que está, até hoje, escrito, no portão de entrada do campo de concentração e extermínio de Auschwitz, na Polônia: "Arbeit macht frei" ou “O trabalho liberta”...
A única coisa que libertava em Auschwitz era a morte. E lá os nazistas mataram milhões de pessoas, durante a Segunda Guerra Mundial: fome, doenças, maus tratos, trabalhos forçados; e claro, as câmaras de gás.
O trabalho liberta quando é digno, honesto e
decentemente remunerado. Caso contrário é trabalho escravo, com os efeitos contrários; é degradante, desgastante, explorador, assassino.
Mesmo o “gentleman” compositor, cantor e violonista, Toquinho, canta em “Signo Estrelado” (1978): “Sinal, estrelado signo,
Estrada de Santiago. Mata de morte violenta, quem inventou e ainda inventa, trabalhar e não ser pago”.
Sim, o trabalho liberta e dá dignidade. Trabalho é vida, por isso, o 1º de Maio, hoje e sempre.
Dados do recente dia 31 de março: “O desemprego no Brasil cresceu no trimestre entre dezembro de 2022 a fevereiro de 2023, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Assim, a taxa de desocupação chegou a 8,6% e atingiu 9,2 milhões de pessoas”.
Mais de nove milhões de desempregados. Quantos que nem entram neste número, porque desistiram de procurar emprego?
Quantos “se viram nos 30, nos 60”, em trabalhos informais e pesados. Quantos apenas sobrevivem com subempregos?
Neste cenário, como estão milhões de famílias brasileiras? Quantas tragédias nascem desta chaga?
Onde está a liberdade e a dignidade de quem tem nem o “mínimo salário mínimo” para se sustentar, sustentar a família? E sustento, aqui, significa, no mínimo: comer, estudar, cuidar da saúde.
Claro, quem disse que a vida é justa? Mas precisa ser tão injusta?
O jornalista Stubby Currence, tem uma frase ótima, que já virou clássica: “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. Mas, aqui entre nós, quem está falando em sucesso? Muito antes dele vem o simples trabalho. Dinheiro, sucesso, reconhecimento? Ótimo! Mas primeiro, trabalho, por mais simples que seja.
Todos nós conhecemos pessoas que não trabalham, nunca trabalharam e nem podem ouvir o verbo trabalhar. São poucos e privilegiados.
Deve ser ótimo vir à vida a passeio, mas não deixa de ser triste. Viver como espectador, sem lutas, sem conquistas.
Vemos atualmente, na França, um país aparentemente tão rico e civilizado, as gigantescas manifestações de um povo que não quer se aposentar aos 64 anos, em vez de 62. Na Dinamarca, onde a expectativa de vida é cada ano maior, a aposentadoria caminha para os 70 anos.
No Brasil, ex-país do futuro, ex-país de jovens; muito longe da Europa, as pessoas aposentam-se quando e como podem. A grande maioria, por idade e com um salário de fome.
“Vai trabalhar vagabundo”? Nem sempre! Muitos brasileiros não querem só comida, bebida, diversão e arte. Quer é trabalhar, para comer, se divertir e comemorar, enfim, o primeiro dia de maio.