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Projeto do um Brasil republicano e moderno

Construção de Belo Horizonte simboliza uma ruptura com as memórias do passado colonial e imperial.



As ruas e construções de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preta, estava impregnada de memórias do passado colonial e imperial no final do século XIX. A república brasileira tinha sido recém proclamada e havia um desejo de superação a desgastada imagem do passado colonial e do império brasileiro. A transferência da capital do estado para Belo Horizonte em 1897 representou a promessa de novos tempos de progresso. O planejamento e construção de Belo Horizonte simbolizavam as mudanças que aconteciam no país.


O engenheiro paraense Aarão Reis foi escolhido para transformar o sonho da nova capital mineira em realidade. O planejamento da cidade contou com a participação de profissionais de diferentes áreas, desde engenheiros até médicos sanitaristas. Foram analisadas condições climáticas, geográficas e a região escolhida ficava foi o antigo arraial de Curral Del Rey.


Fundado em 1701, o arraial acabou sendo destruído durante as obras da construção de Belo Horizonte. A maior parte das antigas construções foram destruídas. O edifício que abriga atualmente o Museu Abílio Barreto, que pertencia à fazenda Leitão, é uma das poucas construções preservadas do arraial de Curral Del Rey.


Dos tempos do arraial de Curral Del Rey também restou a Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, que foi posteriormente reconstruída, padroeira dos tropeiros que faziam o transporte de produtos para Minas Gerais. Localizada na parte alta do vilarejo, ela refletia a importância da vida religiosa para o povo do arraial, tanto que Aarão Reis solicitou ao governo a reconstrução da Igreja ou invés de sua destruição. Sobre as ruínas dos tempos coloniais foram erguidas as colunas neogóticas que estamos acostumados a ver nos dias de hoje.


O sonho de Aarão Reis foi visto por desconfiança por muitos. O projeto apresentado tinha um traçado inspirado cidade de Washignton, nos Estados Unidos, mas a projeção de construção em apenas três anos parecia fantasiosa.


As desconfianças da população de Vila Rica eram ainda maiores. A cidade reunia uma parte significativa da elite política e econômica e intelectual do estado, que temia os efeitos da mudança da capital. Para minimizar as tensões, o governo presenteou cada proprietário de Ouro Preto com um lote. A localização dos lotes foi sorteada em uma cerimônia, que reuniu milhares de pessoas na região onde fica atualmente a Praça da Liberdade.


A mão de obra também foi um desafio enfrentado na construção de Belo Horizonte. A população de Curral Del Rey era insuficiente para o tamanho das construções que seriam feitas. Com o apoio do governo federal foram divulgadas por meio de folhetos convocações para trabalhadores nos quatro cantos do país. A notícia também chegou à Europa atraindo imigrantes italianos, alemães e espanhóis. Cerca de cinco mil pessoas se deslocaram para a região para a construção da cidade.


Apesar das desconfianças e desafios, a construção da cidade, chamada inicialmente de Cidade de Minas, ocorreu dentro do prazo previsto. A construção começou em 1894 e a inauguração aconteceu no dia 12 de dezembro de 1897. As comemorações contaram com a presença de dez mil pessoas que se reuniram na estação ferroviária, na atual Praça da Estação, para assistir ao desembarque de figuras ilustres da política brasileira.


O nome Morada de Minas proposto no projeto não caiu no gosto popular. Não foi possível resistir ao apelo popular e, em 1901, o nome da cidade foi mudado oficialmente para Belo Horizonte. Projetada para ser abrigar uma população de 200 mil habitantes, Belo Horizonte tem, atualmente 2.501.576 habitantes e muitos desafios pela frente. Passear pelas ruas de Belo Horizonte é respirar um pouco de sua história.


Artigo escrito por Bárbara Tostes Machado, historiadora e autra de livros didáticos.


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