Uma outra visão da polarização
Com a proximidade das eleições, membro do Instituo de Formação de Líderes explica mais sobre o liberalismo e seus ideais para o desenvolvimento do Brasil.

Além de definir o futuro do País, o ano eleitoral também carrega uma importante função para a sociedade: fomentar debates de alto nível para clarear a consciência política individual. Em uma eleição que promete concentração de forças em extremos opostos, a tão falada polarização, outros ideais permeiam essa “batalha” travada entre direitistas e esquerdistas.
Será que eles podem representar a luz no fim do túnel que o brasileiro tanto anseia encontrar? Fundado pelo empresário mineiro Salim Mattar, o Instituto de Formação de Líderes (IFL-BH) trabalha na formação de jovens lideranças há exatos 15 anos, tendo como um de seus pilares o liberalismo.
Nesta entrevista ao CIDADE CONECTA, o associado honorário do IFL-BH, Ademar Lara, busca elucidar um pouco dessa corrente política e explicar sobre este pensamento e sua associação ao futuro do Brasil.
Como as políticas liberais podem destravar o crescimento do Brasil?
As inúmeras regulamentações, impostos, taxas, burocracias, dificultam o empreendedorismo, reduzem o nível de produtividade do país e, em última análise, tornam a nação e seus cidadãos mais pobres. O autor Daron Acemoglu, em sua obra "Por que as nações fracassam", faz uma extensa análise do desempenho de vários países num longo período histórico e chega a uma conclusão acerca deste assunto. Aqueles que respeitavam direitos de propriedade, que mantinham gastos públicos controlados e respeitavam contratos, apresentaram um maior crescimento econômico e bem-estar geral da população. Por outro lado, países que constantemente desrespeitaram contratos, fizeram troça com direitos fundamentais individuais e se mostraram pouco responsáveis com gastos do governo, tiveram desempenho pior e seus cidadãos, em média, uma pior qualidade de vida. Portanto, caso o estado brasileiro se mostre responsável com seus gastos, tenha respeito a contratos e direitos individuais, retire impedimentos à geração de emprego e prosperidade, poderá se soltar das amarras que nos seguram no subdesenvolvimento há tantos anos.
Dos países liberais mundo afora, qual pode nos servir de inspiração para uma retomada de crescimento?
Quando se mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os países que apresentam maior liberdade econômica têm a melhor qualidade de vida. Austrália, Nova Zelândia, países nórdicos, EUA, Suíça, Alemanha, Reino Unido e Canadá, por exemplo, possuem alto grau de liberdade e podem nos fornecer exemplos de como evoluir nesse sentido. Creio que a nova Zelândia poderia ser um exemplo interessante de mudança de política econômica. Nos anos 1980, após diversas crises e longo período de estagnação, o país deu uma guinada no sentido da liberdade econômica. Hoje é um dos países com maior IDH do mundo.
A desigualdade social sempre foi um grande problema para o País. De que forma as políticas liberais atuam para contornar essa situação?
A desigualdade social no Brasil é abissal e seu principal gerador é o estado brasileiro. O maior instrumento de geração de desigualdade é a inflação, que corrói o poder de compra das pessoas, tornando-as mais pobres a cada dia. Após a criação do plano real, em 1994, houve uma grande redução da desigualdade. Um governo responsável com seus gastos garante uma moeda estável e permite que as pessoas poupem, invistam e prosperem. Além disso, o estado brasileiro, com sua ineficiência notória, dificulta a geração de empregos e renda. Maior liberdade econômica significa que será mais fácil abrir um negócio, mais fácil contratar pessoas, a carga tributária diminui. Cria-se um círculo virtuoso de desenvolvimento. No final, o bem-estar das pessoas aumenta.
No aspecto econômico, qual sua sugestão para o Brasil se desenvolver?
Creio que para um pleno desenvolvimento do Brasil, as medidas mais urgentes são a privatização de todas as empresas estatais: banco do Brasil, Caixa, Petrobrás, Eletrobrás, e outras, controle dos gastos públicos e extinção do fundo partidário e eleitoral, sobretudo a abertura econômica com ampla redução da carga tributária e barreiras ao comércio internacional. Foto: Divulgação CC / IFL-BH