- maio 13, 2025
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Da cana-de-açúcar à garrafa: Gin mineiro usa ingredientes naturais, infusão a vapor e análise laboratorial em cada lote

Green 11 é produzido artesanalmente em fazenda da família Mourão em alambique certificado para exportação, com destilação fracionada em cobre e selo de autenticidade da associação que representa os fabricantes de bebidas

O mercado de gin no Brasil tem apresentado crescimento significativo nos últimos anos, o que reflete uma tendência global de valorização de bebidas artesanais e premium. De acordo com dados da Euromonitor, o consumo da bebida aumentou de 1,1 milhão de litros em 2016 para 13,1 milhões de litros em 2021. A projeção é que esse volume atinja 35,2 milhões de litros até 2026, o que representa uma alta expressiva no período.
É de olho neste segmento atrativo, que a família Mourão – dos irmãos Paulo, Eduardo e Augusto além do pai, também Paulo – aposta no Green 11 que desde 2023 é produzido artesanalmente em Itatiaiuçu, na Grande BH. A empresa familiar aposta em pequenos lotes e no uso de ingredientes naturais para oferecer um produto voltado a consumidores que buscam experiências mais conscientes e diferenciadas.
A destilaria utiliza um alambique certificado para exportação, com destilação fracionada em cobre e selo de autenticidade da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq). O mesmo espaço é responsável pela produção da cachaça Chapada das Geraes, reconhecida nacionalmente e também criada pela família fundadora da Green 11.
Segundo o fabricante, o gin da marca é produzido a partir de álcool neutro de cana-de-açúcar e segue um processo de infusão a vapor com botânicos selecionados, que inclui alecrim do campo cultivado na fazenda da família. O processo traz maceração, dupla destilação e um período de harmonização de 48 horas. O objetivo é garantir um sabor equilibrado, com presença de notas cítricas, ervas, especiarias e flores.
Os Mourão explicam que cada lote é submetido a controle de qualidade em laboratório próprio, com emissão de laudos técnicos e fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Além disso, equipe da destilaria conta com formação técnica específica em produção de gin, com foco no estilo London Dry, revelam.
A marca também incorpora práticas sustentáveis ao processo produtivo. As embalagens são 100% recicláveis e podem ser reutilizadas para reposição do produto, a fim de reduzir o impacto ambiental.

Produção do gin em detalhes
- Base alcoólica: Tudo começa com a produção do álcool neutro, obtido a partir da cana-de-açúcar. Essa base é essencial para a construção de um gin puro, já que um álcool de boa qualidade garante maior absorção e integração dos botânicos;
- Incorporação do zimbro: Na etapa seguinte, o zimbro — ingrediente obrigatório em todo gin — é incorporado à base alcoólica. É o zimbro que confere o sabor característico da bebida, com notas resinosas e secas;
- Adição dos botânicos: Em seguida, são adicionados os botânicos que compõem a receita exclusiva da Green 11. Os ingredientes incluem cítricos, ervas, flores, folhas e especiarias, muitos deles cultivados na própria fazenda da família, como o alecrim do campo. Cada botânico passa por um processo de maceração individual, o que permite extrair com precisão as notas e aromas de cada um deles;
- Infusão e destilação: Após a maceração, os botânicos são submetidos a uma infusão a vapor, que captura os óleos essenciais e compostos aromáticos de forma delicada. O líquido resultante é destilado novamente em um alambique de coluna de aço inox, num processo que dura cerca de quatro horas. Ao final da destilação, os elementos cítricos são adicionados, conferindo frescor e leve acidez ao gin;
- Repouso e harmonização: Após a destilação, o gin repousa por 48 horas. Esse período é essencial para a harmonização dos aromas e sabores, permitindo que os botânicos se integrem por completo ao álcool;
- Diluição e análise laboratorial: Antes do engarrafamento, o gin é diluído com água purificada para ajustar a graduação alcoólica final. Em seguida, cada lote é submetido a análises em laboratório químico, onde são emitidos laudos técnicos que garantem a segurança e a padronização do produto;
- Controle sanitário e fiscalização: O processo é realizado sob rígidos procedimentos de higiene e é fiscalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), assegurando conformidade com a legislação brasileira de bebidas alcoólicas.