• março 18, 2024
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Dengue: gestantes precisam estar alertas

Dengue: gestantes precisam estar alertas

Minas Gerais apresenta mais de 500 mil casos prováveis da dengue e já é considerada a pior epidemia da doença registrada em todo o estado; mulheres grávidas merecem atenção especial 

 

mulher grávida
Com a maior epidemia da história do estado, a atenção às mulheres grávidas é primordial (Foto: Freepik/Tirachardz)

 

 

Minas Gerais enfrenta um momento delicado com a epidemia da dengue. No estado já foram registrados mais de 500 mil casos prováveis da doença. Esse cenário preocupante exige cuidados de toda a população, mas um público, em especial, necessita de ainda mais atenção: as gestantes e as puérperas (mães que acabaram de dar à luz).

 

 

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Dados epidemiológicos do Ministério da Saúde revelam que o número de casos de dengue em gestantes aumentou 345,2% nas seis primeiras semanas deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

 

 

“A dengue age de forma diferente na gestação porque a mulher apresenta alterações fisiológicas do corpo e do seu sistema imunológico. Então, isso aumenta o fator de risco desse grupo desenvolver quadro de dengue só pelas próprias alterações que a gravidez provoca no corpo”, explica o médico Cristiano Galvão, infectologista do Hospital Vila da Serra.

 

 

Os sintomas são iguais nas gestantes?

 

De acordo com o infectologista Cristiano Galvão, as grávidas apresentam os mesmos sintomas das pessoas em geral. “A única diferença é que as gestantes possuem chances de três a quatro vezes maiores de evoluir para uma dengue grave”, observa o infectologista.

 

Confira quais os principais sinais:

 

  • Febre alta de forma repentina;
  • Dor no corpo e nas articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo.

 

Aumento de casos em gestantes

 

No Hospital Júlia Kubitschek (HJK), em Belo Horizonte, que é referência municipal no atendimento a gestantes com dengue, chikungunya ou zika, quase cem pacientes grávidas foram atendidas com a suspeita ou confirmação da doença nos últimos 30 dias.

As alterações fisiológicas próprias da gravidez podem favorecer o surgimento de quadros ainda mais graves da doença, que incluem complicações hemorrágicas e acúmulo de líquido em determinados órgãos, como no pulmão, por exemplo.

“Os sinais de alerta da dengue na gestação surgem, geralmente, entre 24 e 48 horas após diminuição do quadro febril. Podem aparecer sintomas como dificuldades respiratórias e sangramento de mucosas. Nesses casos, é imprescindível que a paciente procure atendimento médico, mesmo que já tenha sido atendida anteriormente pelo quadro de dengue”, explica Pollyanna Freire Barbosa Lima, ginecologista obstetra da maternidade do HJK.

 

A maioria dos casos graves se dá pelo aumento da permeabilidade vascular (passagem de substâncias do sangue para os tecidos e vice-versa). A paciente pode entrar em choque quando uma grande quantidade de plasma (componente do sangue que transporta substâncias pelo corpo) é perdida por meio do extravasamento ou sangramento.

Assim como as gestantes, as puérperas também têm risco maior de complicação, principalmente nas duas primeiras semanas após o parto. “O corpo ainda entende que a mulher está gestando. Então, ela também pode apresentar as alterações que a grávida teria. As puérperas nos primeiros dias pós-parto precisam ficar atentas”, afirma Pollyanna.

 

Como prevenir?

De acordo com dr. Cristiano Galvão, as gestantes não podem utilizar a vacina contra a dengue, a Qdenga, distribuída atualmente pelo Ministério da Saúde.

 

“Essa vacina é feita de vírus atenuado, então é contraindicada para as gestantes. Apesar de estarem em um grupo de risco, elas não podem se vacinar. A prevenção é feita com o uso de repelentes aprovados pela Anvisa, à base de DEET ou icaridina, utilizar mosquiteiros em janelas, usar roupas para cobrir braços e pernas,  a fim de diminuir a área exposta e a chance de picadas pelo mosquito Aedes aegypti”, diz o infectologista.

 

Além dos riscos para a gestante, a dengue também traz riscos para o bebê. “Os mais comuns são de aborto e do bebê nascer morto, mas existem outros fatores já observados pela literatura médica. Existem relatos, menos comuns, de má formação cerebral do feto, quando a mulher está no primeiro trimestre da gravidez e adquire a dengue”, conclui.

 

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