• abril 7, 2025
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Educação financeira: como ensinar seus filhos

Educação financeira: como ensinar seus filhos

Especialista em finanças fala sobre a importância do diálogo e da vivência financeira para formar adultos capazes de gerenciar seus recursos de forma responsável

 

Apesar de conscientes sobre a importância de ensinar aos filhos a estabelecer uma relação saudável com o dinheiro, os pais brasileiros têm dificuldade de colocar a teoria em prática. É a conclusão de uma pesquisa feita pela Serasa, em parceria com o Instituto Opinion Box. No levantamento, 85% dos pais se preocupam em transmitir aos filhos ensinamentos para aprender a lidar com dinheiro e situações adversas. Por outro lado, o nível médio de educação financeira dos brasileiros é de apenas 59,6 em uma escala de 0 a 100, de acordo com uma pesquisa do Banco Central e do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

A falta de conhecimento sobre finanças indica que o tema não está inserido na rotina dos lares brasileiros, porque em nossa cultura não é visto como algo prioritário, principalmente quando pensamos na preparação de crianças e adolescentes. A educação financeira na infância forma adultos capazes de fazer escolhas conscientes e gerenciar seus recursos de forma responsável, como afirma Luciana Ballesteros, fundadora e diretora da Financial Experts, escola especializada em ensinar o tema para adolescentes a partir de 12 anos de idade.

“A falta de conhecimento sobre finanças e de vivência financeira impedem a criança e o adolescente de fazerem as melhores escolhas ao longo da vida em relação a gastos, gestão e investimentos. Ao entender os conceitos sobre finanças e colocá-los em prática, os filhos desenvolvem habilidades para lidar com o dinheiro de forma inteligente, adquirem autonomia e senso de responsabilidade, reduzindo as chances de endividamentos futuros que afetam a qualidade de vida”, pontua.

O diálogo e a vivência precisam caminhar juntos nesse processo. Uma outra pesquisa da Serasa, também em parceria com o Instituto Opinion Box, revelou que 59% dos pais conversam sobre educação financeira com os filhos; 30% começaram o diálogo a partir dos cinco anos; 14% iniciaram a partir dos 12 anos de idade.

 

“Ainda é um tabu falar de dinheiro, mas apenas conversar sobre o que é caro e barato não é suficiente para fazer a criança e o adolescente entenderem o valor do dinheiro, até mesmo porque são conceitos muito abstratos para eles. Quando eles precisam fazer escolhas com a mesada ou o dinheiro do cofrinho, comprar um tênis caro deixa de ser uma prioridade porque sentem no bolso o quanto de fato custa”, descreve.

Luciana Ballesteros frisa que os ensinamentos em casa devem considerar a maturidade de cada faixa etária. “Com uma criança de até oito anos, os pais podem, por exemplo, definir um valor limite que ela poderá gastar na loja com o seu presente de aniversário, mostrando que o dinheiro é um recurso finito. Ensinando ainda que ela poderá escolher entre gastar o valor total no presente ou colocar parte dele em uma poupança. Os pais devem se lembrar que nesse percurso o filho pode vir a fazer escolhas ruins, como gastar em um dia todo o valor definido para ser usado ao longo do mês, mas é importante que ele aprenda a lidar com as consequências de suas escolhas”, ilustra.

A especialista em finanças recomenda que os pais incentivem a poupança e o propósito. “É interessante ensinar algumas ações que podem gerar receita, como a venda de biscoitos para pagar parte do passeio de fim de ano com a turma da escola. Ou ainda, estimular o filho a gastar um pouco menos mês a mês, poupar e aplicar o dinheiro para ajudar nas despesas quando ele for para a faculdade. São formas de ensinar a criança e o adolescente a gerenciar as finanças com sabedoria”, finaliza.

Fundada em 2019 por Luciana Ballesteros — administradora com especialização em finanças —, a Financial Experts nasceu com uma missão transformadora: levar educação financeira de qualidade para jovens a partir dos 12 anos. Primeira escola do Brasil com foco na educação financeira, surgiu da inquietação da Luciana ao perceber o quanto a falta de conhecimento financeiro impacta negativamente a vida das pessoas, que fazem escolhas financeiras ruins, muitas vezes sem saber, e perdem dinheiro.

 

Educação financeira

 

De acordo com uma pesquisa do Banco Central e do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), em uma escala de 0 a 100, o nível médio de letramento financeiro dos brasileiros é de 59,6. O índice considerou comportamento financeiro, atitude ao fazer escolhas financeiras e conhecimento sobre finanças. Em relação aos jovens, um levantamento feito pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) e publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), concluiu que 45% dos adolescentes brasileiros de 15 anos apresentam baixo desempenho na alfabetização financeira, colocando o Brasil na 18ª posição na lista que conta com 20 países e economias.

Para Luciana Ballesteros, a educação financeira tem o poder de transformar a vida das pessoas. “Esse conhecimento muda a forma de lidar com o dinheiro, baseada no entendimento do seu verdadeiro valor e na autonomia para fazer escolhas conscientes. Afinal, fazemos escolhas financeiras diariamente, desde o café que tomamos na esquina e o almoço fora de casa, a escolhas maiores, como a compra de um imóvel ou como investimos o nosso dinheiro “, destaca.