- Bar e Mesa
- maio 31, 2024
- 5 minutos
Festival de tropeiro celebra a iguaria em restaurantes de Santa Tereza

Tradicional bairro boêmio de BH se prepara para difundir o legado histórico e cultural desta receita tipicamente nacional; evento acontece de 7 a 23 de junho

Adotado pelos mineiros como prato típico, o feijão tropeiro vai ganhar diversas versões durante o 1º Festival de Tropeiro de Belo Horizonte, que faz parte do Festival Sabores do Santa Tereza.
Um total de 20 estabelecimentos de um dos bairros mais tradicionais e boêmios da capital participam da iniciativa, que visa celebrar a iguaria que representa a miscigenação da cultura gastronômica brasileira com referências da culinária portuguesa, indígena e africana.
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Veja a lista de alguns dos restaurantes participantes:
- Mármore 450
- Bar do Museu Clube da Esquina
- The Brothers
- Sheridan
- Terezinha Bar 06
- The Eat
- Bar du Pedro
- Tia Maluka
- Dom Caixeta
- A Firma Gastropub
- Dona Carola Empório
- Bar Sabores da Ana
- Capitão Gastro
- Armazém 2257
Tropeiro e drinks
Os frequentadores dos restaurantes participantes poderão degustar o tropeiro e o drink de cachaça de cada estabelecimento, votar e eleger os três melhores quanto à apresentação, sabor e criatividade.
A ideia de se fazer um festival de tropeiro no bairro de Santa Tereza partiu da empresária Miriam Cerutti, proprietária do restaurante Mármore 450, localizado no bairro. A concepção do evento foi feita em parceria com a produtora cultural Perla Horta.
“Este será o primeiro festival de tropeiro de Minas Gerais, quiçá do Brasil. Mas por que fazer um festival de tropeiro? O Feijão Tropeiro é um prato típico do Brasil originário de um movimento, o tropeirismo, e não de uma região específica. Agora, os estabelecimentos participantes do festival poderão contar essa história de maneira reinventada através do prato que irão criar, promovendo o resgate de saberes ancestrais e técnicas culinárias tradicionais. Através das origens do tropeiro, buscamos inspirar a criatividade, fomentar a diversidade gastronômica e colocar o bairro de Santa Tereza no contexto gastronômico mundial, fazendo dele o lugar de referência da comida mineira, em especial do tropeiro”, explica.
O encerramento do festival dia 29 de junho acontece de 10h às 22h, na Praça Duque de Caxias, durante uma grande festa. Além das preparações das receitas pelos estabelecimentos e atrações artísticas, será produzida a maior caipirinha do mundo, com o objetivo de ser registrada pelo Guiness Book.
Veja a receita: serão utilizados um tonel de 1.000 litros, 300 litros de cachaça Jeceaba – apoiadora do evento – 100kg de limão, 60kg de açúcar, cerca de 500kg de gelo, 2 mil copos e 10 barmans.
Feijão Tropeiro e sua história
Segundo a história oficial, o feijão tropeiro é um prato típico do Brasil feito principalmente com feijão, carne seca, toucinho e farinha de mandioca ou milho. Surgiu dentro de um contexto nômade conhecido como Tropeirismo, que se resume à atividade comercial realizada pelos Tropeiros, que eram carregadores de mulas, gados, cavalos e comerciantes, que atuavam principalmente entre as regiões centro-oeste e sudeste do Brasil durante os séculos 17 e 20.
Entre os séculos 17 e 18, a culinária brasileira tinha forte influência de três culturas: indígena, portuguesa e africana: daí veio a combinação da farinha de mandioca com o feijão. Para facilitar o transporte de alimentos, os tropeiros costumavam carregar ingredientes secos e não perecíveis, como farinha de mandioca, farinha de milho, feijão, toucinho, charque, sal e café. Esses ingredientes formavam a base da dieta dos tropeiros. Os mantimentos e utensílios de preparo eram carregados dentro das bruacas, que eram caixas de couro presas nas cangaias dos animais de transporte.
O feijão tropeiro surgiu neste contexto: a receita era uma maneira prática e nutritiva de preparar alimentos secos e duráveis, capazes de suportar as longas jornadas dos tropeiros. O prato ganhou popularidade em São Paulo, Minas Gerais e Goiás e hoje é considerada comida típica em muitas cidades dessa região.
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