- Atualidades
- maio 9, 2025
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Profissionais e empresárias compartilham suas trajetórias para viver a maternidade

Dia das Mães: homenagem para as mulheres que dividem a árdua função de cuidar dos filhos com suas carreiras

Com previsão de injetar cerca de R$ 37,75 bilhões nos setores de comércio e serviços, segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o Dia das Mães é uma das datas mais esperadas pelo varejo no Brasil. Mas, além do apelo comercial, o momento também convida a sociedade a revisitar temas essenciais como a construção da maternidade e a busca do equilíbrio entre trabalho, autocuidado, casa e família. São as profissionais que têm a árdua missão de compartilhar carreira e maternidade.
Ana Gabi Costa, chef de cozinha com trajetória consolidada na gastronomia nacional à frente do restaurante Trintaeum, personifica bem essa multiplicidade e a constante procura de equilíbrio entre as diversas tarefas. Além de liderar um dos mais recentes destaques da cena mineira, Ana Gabi é mãe de Tarcísio, Raul e Carmem. Nesta data simbólica, ela revisita as muitas versões de si mesma que surgiram em cada maternidade — e o quanto é importante romper com a idealização do ser mãe.
“Não quero romantizar o processo. Construir uma carreira exige escolhas duras. Tudo que conquistei até aqui foi possível graças a uma parceria verdadeira com meu marido, de igual para igual”, conta Ana Gabi.
A chef relata ainda que cada filho exigiu uma adaptação diferente, conforme o momento do casal. “Quando o Tarcísio nasceu, eu praticamente morava na cozinha. Não soube dosar bem meu tempo e isso me marcou. Hoje penso muito nisso e tento construir um ambiente mais equilibrado para minha equipe, com respeito à vida pessoal dos cozinheiros”, relembra.
Na prática, a maternidade e o empreendedorismo acabam se adaptando à realidade de cada família. Foi o caso de Gabriela Gontijo, sócia e fundadora do Buffet e Catering A Chef. Empreendedora e mãe, ela admite: é impossível equilibrar todos os pratos ao mesmo tempo. “Ser mãe, mulher, esposa e dona de negócio exige paciência e resiliência. A gente precisa celebrar as pequenas vitórias e aceitar que não dá para abraçar tudo”, afirma.
Ela aprendeu, com o tempo, a valorizar a qualidade dos momentos ao lado das filhas. “Quando estou com elas, tento estar por inteiro. Mesmo que seja meia hora antes de dormir, deixo o celular de lado. Sem e-mails, sem áudios. Só presença”, salienta.
A carreira dessas profissionais também tem um impacto importante no momento certo para ter um filho. Muitas profissionais optam por adiar o sonho que coincide com a fase da vida mais produtiva da maioria das mulheres e os dados confirmam que o perfil da maternidade está mudando no Brasil. Segundo o IBGE, a idade média para ter o primeiro filho subiu de 25,7 anos em 2010 para 27,7 em 2020 — e a tendência é que chegue a 31,3 anos até 2070. Nos últimos 12 anos, o número de mulheres que se tornaram mães após os 40 anos aumentou 65,7%. Já a faixa etária entre 30 e 39 anos teve um crescimento de 19,7%.

Para Natália Miranda, head de estratégia da 8 Agency e cofundadora da Benê Mais Comunicação, o Dia das Mães também ganha novos contornos. Aos sete meses de gestação, ela revela que decidiu engravidar após anos dedicados quase exclusivamente à carreira.
“Sempre investi tudo no trabalho. Mas chegou um ponto em que percebi que, se queria ser mãe, era agora ou nunca. Tentei, perdi, e entendi o quanto isso era importante para mim. Foi uma virada”, destaca.
Segundo dados do Sebrae Nacional, divulgados no último ano, as mulheres representam 52% da população em idade economicamente ativa no Brasil. No campo do empreendedorismo, essas profissionais já comandam 34% dos negócios em atividade no país. Para o Sebrae, organização e planejamento são fundamentais para que mulheres consigam conciliar carreira e maternidade de forma mais harmoniosa. Saber priorizar tarefas, delegar responsabilidades sempre que possível e — talvez o mais desafiador — permitir-se pedir ajuda, são atitudes que tornam essa travessia mais leve.
É importante lembrar que não existe uma fórmula pronta. Cada mulher vai descobrir, à sua maneira, como gerir os desafios da vida profissional e pessoal.