• abril 10, 2025
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Riscos de incêndio aumentam com uso de fios e cabos piratas

Riscos de incêndio aumentam com uso de fios e cabos piratas

Produtos não certificados colocam em perigo residências e condomínios, dizem especialistas

Cabos piratas: Tomada de energia em chamas é um perigo
Tomada de energia em chamas devido ao uso de cabos piratas (Foto: Ilustração Macrovector)

Os cabos de fios desbitolados (piratas), ou seja, aqueles fabricados sem seguir normas de segurança e qualidade, representam um perigo significativo de incêndio em qualquer tipo de instalação elétrica. Esses produtos, geralmente mais baratos, são feitos com materiais de baixa qualidade, como condutores de cobre adulterado ou alumínio disfarçado, e isolamentos finos ou frágeis que não resistem a altas temperaturas ou ao uso prolongado. Essa falta de conformidade com padrões técnicos aumenta drasticamente o risco de falhas graves.

Um dos principais problemas dos fios piratas é o superaquecimento. Quando submetidos a correntes elétricas normais, esses cabos podem não suportar a carga, aquecendo além do limite seguro e derretendo o isolamento. Esse processo pode gerar faíscas ou entrar em contato com superfícies inflamáveis, como paredes de madeira, móveis ou carpetes, desencadeando um incêndio. Além disso, a ausência de certificação garante que esses produtos não passaram por testes de resistência a curtos-circuitos ou sobrecargas, o que amplifica o potencial de desastre.

Casos de incêndios causados por fios piratas são frequentemente relatados, especialmente em construções que priorizam economia em detrimento da segurança. Para evitar esses riscos, é fundamental adquirir cabos de fornecedores confiáveis, certificados por órgãos reguladores, como o Inmetro no Brasil, e contar com profissionais qualificados para a instalação. O uso de fios piratas pode parecer uma solução econômica a curto prazo, mas os custos humanos e materiais de um incêndio superam qualquer suposta vantagem, tornando a escolha por produtos de qualidade uma questão de segurança imprescindível.

Cabos desbitolados

Para Walter Silva, supervisor de Negócios da Loja Elétrica, esses condutores são desbitolados, ou seja, são mais finos do que os condutores normatizados.

“Um cabo pirata de 150 mm² tem, na realidade, cerca de 130 mm² e, consequentemente, custa 14% menos do que o cabo de 150 mm² normatizado. Ele é de uma bitola intermediária, é mais fino que o cabo de 150 mm² e mais grosso do que o de 120 mm², mas, na capa tem a marcação de 150 mm²”, ressalta Walter.

Como os condutores são mais finos, eles não suportam a corrente elétrica que um condutor normatizado suporta. Isso vai gerar sobreaquecimentos, que podem causar incêndios e, consequentemente, podem geram perda de vidas ou danos materiais. Caso isso aconteça, as construtoras poderão ter de arcar com os prejuízos causados.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Conscientização para os perigos da Eletricidade (Abracopel), engenheiro Edson Martinho, o primeiro passo é saber que os fios e cabos são normalizados, portanto, precisam seguir regras.

“Quando o pessoal trabalha com cabos desbitolados, eles estão burlando as regras, as normas, tirando o cobre do produto ou, às vezes, substituindo produtos que não têm a mesma capacidade. Isso resulta em superaquecimento dos cabos, esse superaquecimento resulta em princípio de incêndio que, se não for controlado a tempo, vira incêndio de grandes proporções. Isso é o resultado que a gente tem visto nos últimos anos, o crescimento de incêndios gerados por parte e por conta do uso desses produtos de má qualidade”, diz Edson Martins.