• maio 20, 2024
  • 9 minutos

Banco de leite: maternidade em BH é referência

Banco de leite: maternidade em BH é referência

Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo; Maternidade Odete Valadares é referência no estado

 

Banco de leite Odete Valadares rafael assis fhemig
O Banco de Leite Humano da Maternidade Odete Valadares é referência atendendo cerca de 100 bebês por mês ( Foto: Rafael Assis/Fhemig)

 

 

A doação de leite materno é fundamental para ampliar as chances de recuperação de bebês prematuros ou de baixo peso que estão internados em UTIs neonatais, além de proporcionar um desenvolvimento mais saudável por toda a vida. Por isso, neste domingo (19) foi comemorado o Dia Mundial de Doação de Leite Humano para lembrar a importância desse gesto.

 

 

Leia mais:

Ava: a dança como cura e prazer

 

 

O Brasil possui a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo, sendo referência internacional por utilizar estratégias que aliam baixo custo e alta qualidade e tecnologia.

 

Esta importante rede realiza a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, englobando as ações de coleta, processamento e distribuição de leite humano para bebês prematuros ou de baixo peso que não podem ser alimentados pelas próprias mães, além de atendimento para apoio e orientação para o aleitamento materno.

 

Atualmente, Minas Gerais conta com 13 Bancos de Leite Humano (BLH) e 30 Postos de Coleta de Leite Humano (PCLH) e toda mulher que estiver com excedente de leite pode ser doadora, basta estar em boas condições de saúde e não tomar medicamentos que interfiram na amamentação e doação.

 

Maternidade Odete Valadares: referência em banco de leite

 

O Banco de Leite Humano da Maternidade Odete Valadares, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), localizada em Belo Horizonte, é referência e atende cerca de 100 bebês por mês, tanto internados na unidade quanto de outros hospitais parceiros do Estado. Atualmente, 83 doadoras estão cadastradas.

 

A mulher que tiver interesse em doar leite humano pode procurar um dos postos de coleta ou o banco de leite mais próximo de sua residência.

 

“Lá, ela receberá orientações quanto à forma e os cuidados necessários na extração do leite, armazenamento e transporte e assim contribuir para a nutrição de crianças. Cada litro doado pode atender até 10 recém-nascidos e isso faz uma enorme diferença”, ressalta Lírica Salluz, diretora de Gestão da Integralidade do Cuidado da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

 

A depender do peso do recém-nascido prematuro, 1 ml de leite pode ser a quantidade necessária para nutri-lo a cada refeição.

 

Histórias que emocionam

 

A pequena Liz nasceu com apenas 460 gramas, na Maternidade Odete Valadares, quando a mãe, Bruna Estevão, estava com 26 semanas de gestação. A bebê, internada na UTI Neonatal da unidade, contou com o leite doado do BLH-da maternidade durante o mês, inclusive o ofertado pela própria mãe, até começar a apresentar uma intolerância à lactose, consequente da prematuridade.

 

“Para o desenvolvimento dela foi muito bom, mas muito satisfatório para mim, pois o leite era a única coisa que eu poderia dar a ela naquele momento”, diz Bruna.

 

A mãe conta que, enquanto Liz tinha acesso ao leite materno, que era oferecido por meio de uma sonda, chegava a ganhar até 70 gramas por semana. Quando a fórmula foi introduzida, esse ganho reduziu para 16 gramas (no máximo) por semana, isso quando havia algum aumento. “Tiveram que acrescentar um fortificante à fórmula para esse peso subir”, lembra.

 

Liz só recebeu o leite por um mês, mas Bruna doou por um bom tempo, até sua produção acabar.

 

“No início, eu ainda tinha a esperança de poder amamentar a Liz, então eu ia ao banco de leite para realizar o estímulo e doava. Chegou uma hora que o médico disse que amamentar seria difícil, mas continuei doando até a última gota”.

 

De acordo com a mãe, o último frasco de leite doado por ela tinha apenas 20 ml de leite. “Entreguei com pesar, não apenas por ele não estar cheio, mas por saber que não iria mais poder doar. Quando eu estava com a Liz na UTI e via os potinhos chegando para os bebês, me dava uma alegria saber que um daqueles era o meu. Não consegui amamentar a Liz, mas alimentei uma UTI inteira por vários meses”. Hoje Liz está com 1 ano e meio, saudável e se desenvolvendo bem.

 

Doar é gesto de amor

 

A pedagoga Brenda Antônio é doadora do BLH pela segunda vez – agora, no terceiro filho, já oferta leite materno há quase um ano, chegando a doar dois litros por semana. Uma causa que ela abraça pela própria experiência. “Eu já estive do outro lado. Meus filhos mais velhos foram prematuros e ficaram na UTI, já vivenciei a importância do leite materno na vida dos bebês internados. Então para mim é de uma importância muito grande”.

 

Para Brenda, a atitude é uma forma de poder fazer pelo outro o que gostaria que tivessem feito por ela. “Meus filhos nasceram em maternidades privadas, e na primeira experiência a instituição não tinha banco de leite nem local para armazenar meu leite, de forma que quando eu não estava com ele, ele recebia fórmula”, recorda.

 

 

Foto Brenda
A pedagoga Brenda Antônio é doadora do Banco de Leite Humano pela segunda vez (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Por ser um leite próprio para a espécie, pasteurizado e com todos os componentes, o leite humano é o ideal para bebês, que estão em um estado clínico desfavorável, conseguirem se recuperar mais rapidamente.

 

De acordo com a coordenadora do banco de leite da maternidade Odete Valadares Karine Antunes, trata-se de um leite que contém todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento dos bebês, e por isso é considerado o melhor alimento possível para eles.

 

“O leite humano possui inúmeros benefícios imunológicos, protegendo contra alergias, infecções, intolerâncias, além de promover benefícios à visão, ao desenvolvimento do perímetro cefálico, entre outros”.

 

O leite materno também tem muitos benefícios a longo prazo. Para a mãe, previne contra o câncer de mama, de útero e ovários, diminui as chances de doenças como hipertensão e obesidade e também reduz as chances de depressão pós-parto.

 

Para o bebê, diminui riscos de alergias, hipertensão, colesterol alto, obesidade, diabetes, diarreia, infecções respiratórias e mortalidade infantil.

 

Doar é simples

 

A mãe que possui excedente de leite, que esteja amamentando exclusivamente ao seio materno e que deseja se cadastrar, deve ainda se encaixar no perfil de doadora, de acordo com as exigências da legislação.

 

“A doadora deve gozar de boa saúde, não usar medicamentos que têm contraindicação para a amamentação, como ansiolíticos e antidepressivos. Não pode fumar ou beber, além de não usar drogas ilícitas”, detalha Karine.

 

Alguns exames do pré-natal são solicitados para preenchimento da ficha da doadora. Caso esteja apta para doar o leite, o banco de leite da maternidade Odete Valadares envia todo o material necessário para a coleta e as profissionais vão até a residência da doadora uma vez por semana, para buscar os frascos com o leite que ela coletou.

 

Recentemente, o cadastro de doadoras para o Banco de Leite Humano, assim como a marcação de consultas para mulheres com dificuldades ao amamentar, passou a ser realizado por meio do Portal MG e do aplicativo MG App.

 

Para marcar consulta ou se cadastrar como possível doadora de leite no Portal MG, as mães devem entrar utilizando o login da conta GOV.BR .

 

A Fhemig possui dois postos de coleta do banco de leite:

 

  • Hospital Júlia Kubitschek (Belo Horizonte) – (31) 3389-7880;
  • Hospital Regional João Penido (Juiz de Fora) –  (32) 3691-9500.

 

 

*Com informações da Agência Minas

 

 

 

Leia mais:

Arena MRV é finalista em concurso internacional de tecnologia