• junho 4, 2025
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Arte em blocos: mineiro transforma Lego em obra e vira referência nacional

Arte em blocos: mineiro transforma Lego em obra e vira referência nacional

Henrique Portugal cria mosaicos, esculturas e projetos arquitetônicos com as famosas peças; seu trabalho já chamou atenção de lojas, empresas e fãs em todo o País

Arte em lego de Henrique Portugal
O designer mineiro Henrique Portugal cultiva paixão pelo lego desde criança e, aos poucos, se transformou em arte e negócio (Fotos: Arquivo Pessoal)

 

Luís Otávio Pires

Desde criança, o mineiro Henrique Portugal cultiva uma paixão que, aos poucos, se transformou em arte e negócio: montar Lego. Aos 43 anos, o hobby virou profissão. Designer autodidata, Henrique cria esculturas monumentais, como um canguru de 1,80 metro exposto na primeira unidade do Outback no Brasil, no Rio de Janeiro, além de painéis e modelos arquitetônicos, alguns com mais de 3 mil páginas de manual de montagem.

A história do designer com os blocos dinamarqueses remonta à infância. Mas foi em 2015, durante uma viagem a Nova York, que o Lego ganhou um papel especial em sua vida. Na loja da marca, ele pediu a mão da mulher, Luciana, e dali mesmo, ao observar a réplica do Rockefeller Center em Lego, surgiu a a ideia. Desde então, não largou mais os bloquinhos famosos.

Durante a pandemia, ele aproveitou o isolamento para mergulhar de vez na criação digital. Modelou no AutoCAD um prédio real de Lego e, embora a construtora original não tenha se interessado, o projeto de arte chamou a atenção de um grupo de fãs em São Paulo. A partir daí, passou a integrar o circuito nacional de designers Lego, ao criar para lojas e empresas.

Entre seus trabalhos mais notáveis está um mosaico do Elevador Lacerda feito para a loja Lego em Salvador. A peça mede 1,50m por 1,10m e exigiu o domínio de softwares específicos, como o Blender e o Bricklink Studio, além de um processo detalhado que vai da modelagem 3D à elaboração do manual de montagem.

 

 

Apesar de ser um mercado de nicho, o universo Lego movimenta cifras consideráveis. O canguru feito por Henrique, por exemplo, custou cerca de R$ 150 mil, considerando peças, importação e projeto.

“É como uma pequena indústria: logística, insumos, disponibilidade de cores. Tudo conta”, explica ele.

Henrique atua como designer e também monta as peças finais. Mantém perfis ativos no Instagram, como o @Brickneer e participa como membro ativo do @lugbrasiloficial, que reúne fãs e profissionais do setor. Como membro do LUG (Lego Users Group), já recebeu propostas para construir, por exemplo, um parque de Santa Catarina em Lego, com mais de 30 m2.

O reconhecimento internacional também veio. Em 2021, ele participou de uma competição da plataforma Lego Ideas, na qual desenvolveu um jogo digital sobre a fábrica da marca em Billund, na Dinamarca. Criado com o motor gráfico Unity, o projeto rendeu uma minifigura exclusiva e colecionável.

Com olhar detalhista e muita paciência, ele desenvolveu técnicas próprias e conquistou uma clientela variada, de construtoras a redes de varejo. Agora, para o Dia dos Namorados, prepara uma nova criação: uma rosa feita inteiramente de Lego.

“É um trabalho que exige disciplina e criatividade. Não tem concorrência, porque tem que ter muito feeling”, resume.

Henrique é homônimo do primo famoso – o músico Henrique Portugal, ex-tecladista da banda Skank -, mas sua trilha segue construída peça por peça. Mais do que um hobby, o Lego virou forma de expressão e uma carreira sólida — com assinatura própria em cada projeto.