• novembro 1, 2023
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Mais uma queda: Copom reduz juros básicos da economia para 12,25% ao ano

Mais uma queda: Copom reduz juros básicos da economia para 12,25% ao ano

Mercado financeiro estava certo que Banco Central diminuiria taxa Selic em 0,5 ponto percentual

Wellton Máximo, Agência Brasil – Brasília

Taxa de juros Selic em queda

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas (Foto: Raten Kauf/Pixabay)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quinta, 1º, a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A decisão já era esperada pelos analistas financeiros.

A taxa está no menor nível desde maio do ano passado, quando estava em 11,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário por causa da inflação do preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto do ano passado a agosto deste ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

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Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Fiemg aprova nova taxa de juros

Em comunicado, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) afirma avaliar positivamente a decisão do Copom de diminuir a taxa Selic, e entende que essa medida segue na direção apropriada, dadas as circunstâncias atuais da economia brasileira. Os últimos indicadores de inflação corrente apontam para um cenário de maior estabilidade, e a expectativa de mercado para a inflação no final de 2023 registrou a terceira semana seguida de queda, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central.

Contudo, a Fiemg entende que o atual corte de juros ainda se mostra insuficiente, dado o contexto econômico atual e a estabilidade da inflação. Enfatiza a urgência de avanços na redução da taxa básica de juros nas próximas reuniões da autoridade monetária, uma vez que a manutenção dessa taxa em níveis elevados tem exercido um impacto negativo sobre a atividade econômica do País.

Juros contra a inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o indicador ficou em 0,26% e acumula 5,19% em 12 meses . Após sucessivas quedas no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na segunda metade do ano, mas essa alta era esperada pelos economistas.

O índice fechou o ano passado acima do teto da meta de inflação. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,75% nem ficar abaixo de 1,75% neste ano.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a estimativa de que o IPCA fecharia 2023 em 5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista para baixo na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de dezembro.

De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,63%, abaixo portanto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,86%.

Mais crédito

A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Em contrapartida, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central aumentou para 2,9% a projeção de crescimento para a economia em 2023.

O mercado projeta crescimento semelhante, principalmente após a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas) cresceu 0,9% no segundo trimestre . Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,89% do PIB em 2023.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Infográfico mostra o que é a Selic

Infográfico o que é taxa Selic
Infográfico Selic /  Arte: DJOR