• outubro 31, 2023
  • 6 minutos

Soluções para o transporte público de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte

Soluções para o transporte público de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte

Mais eficiente, econômico e sustentável, sistema de ônibus precisa receber novos investimentos em infraestrutura

Rubens Lessa Carvalho (*)
Rubens Lessa é presidente do Fetram e de entidade do transporte metropolitano
Segundo Rubens Lessa, a realidade do sistema de transporte metropolitano atual é de extrema dificuldade (Foto: Fetram/Divulgação)

 

O transporte público é a melhor opção de deslocamento das pessoas nas cidades. Um único ônibus substitui 40 carros na rua, ao mesmo tempo em que transporta cerca de 70 pessoas, ocupa um espaço 21 vezes menor nas vias. Comparado aos carros, os ônibus diminuem os congestionamentos, a emissão de gases poluentes na atmosfera, além de aliviar o estresse causado quando se perde horas no trânsito.

A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é formada por 33 municípios, além da capital mineira. O sistema transporte coletivo por ônibus opera na região com 630 linhas com uma frota composta por 2.500 ônibus. Percorre, em média por mês, 11 milhões de quilômetros, transportando cerca de 600 mil passageiros por dia.

Leia mais:

Licenciamento de Veículo: exigência de CRLV para veículos com finais de placas 7,8,9 e 0

Nesse cenário desafiador, o transporte coletivo é mais eficiente, econômico e sustentável do que o transporte individual. No entanto, para ser a opção mais atraente para os usuários, o transporte público precisa ser mais eficiente e ágil e trafegar por vias mais seguras.

Para que isso se transforme em realidade é preciso que a RMBH receba investimentos em infraestrutura. Essas mudanças passam também pelo reconhecimento não só do poder público, mas também de toda a sociedade, de que o transporte coletivo precisa ser priorizado nas vias da cidade. A maioria da população depende desse transporte para ter acesso aos locais de trabalho, hospitais, supermercados, farmácias, escolas entre outros. O primeiro benefício imediato para essas pessoas será a redução do tempo de viagem, principal demanda dos passageiros.

Prioridade gera eficiência no transporte

Temos como exemplo no sistema metropolitano, linhas que percorrem trechos de 19 quilômetros por viagem em 45 minutos, com uma velocidade média de 25 km/h. Por outro lado, temos exemplos de outras que percorrem o corredor da avenida Amazonas, que não é exclusivo até Belo Horizonte – que para cobrir uma distância de 18 quilômetros, leva o tempo de 1 hora e 20 minutos, com uma velocidade média de 14 km/h.

Para se ter ideia, o corredor exclusivo do MOVE Metropolitano da avenida Antônio Carlos, possui uma velocidade comercial 80% maior que a de locais sem o corredor prioritário.

Investimento em infraestrutura

O MOVE foi o último investimento significativo realizado na RMBH em 2014, por isso precisamos de investimentos urgentes em melhorias da infraestrutura e da fluidez do transporte na RMBH.

Temos demandas prioritárias como a conclusão da rede integrada de transporte da região, tendo em vista que algumas linhas metropolitanas têm percursos até o centro da capital. A construção de terminais de integração, estações de transferência e tratamento de corredores de transporte, com a implantação de faixas exclusivas e sinalização adequada nos terminais de integração. As faixas exclusivas geram maior nível de conforto e segurança para os usuários no tocante ao embarque e desembarque nas plataformas estabelecidas.

Essas medidas contribuiriam para melhorar a mobilidade urbana na região, ao proporcionar benefícios à sociedade em diversos aspectos, tais como estações e terminais acessíveis para atender o público PcD, redução do tempo de viagem do usuário, redução do número de veículos em circulação, redução dos custos de manutenção do sistema viário.

Eliminação de viagens ociosas, aumento da oferta de ligações transversais, melhor desempenho operacional e maior rapidez, redução do consumo de combustíveis, melhorias em termos ambientais, melhor circulação no centro das cidades e nos corredores e a redução da incidência tarifária para os usuários que utilizam mais de uma linha.

Criar as condições adequadas de equilíbrio financeiro do sistema para que os consórcios possam investir em renovação de frota, são essenciais para tornar o transporte público uma opção mais segura, atraente e acessível para os usuários da RMBH.

A realidade do sistema metropolitano atual é de extrema dificuldade. Bem antes da pandemia, os consórcios já vinham convivendo com a queda no número de passageiros, isso sem mencionar que o sistema não recebe subsídio, sendo sua receita diretamente vinculada ao que ele arrecada na catraca.

É inconcebível que o passageiro hoje arque com o custeio na composição da tarifa de benefícios sociais como gratuidades para idosos, estudantes e pessoas com deficiência. O envelhecimento da população é uma realidade e só cresce, dados do último censo do IBGE apontaram que o número de idosos de 65 anos ou mais cresceu 57,4% nos últimos 12 anos. Sem recursos públicos para cobrir essas despesas, a situação vai passar de insustentável para inviável.

Por isso, torna-se necessário, além dos investimentos, uma reformulação do modelo com a criação, também, de novas fontes de custeio para termos um sistema equilibrado financeiramente, ágil e eficiente na prestação de serviços.

 

* Rubens Lessa Carvalho é presidente do SINTRAM, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano, presidente da FETRAM, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de Minas Gerais e presidente do Conselho Regional do SEST SENAT em Minas Gerais.