- agosto 7, 2023
- 5 minutos
“Joan is Awful” aponta dura realidade do mundo digital

Vem ver o que achei do episódio da nossa série preferida de bugar a cabeça
Helena Ivo (*)

“Joan is Awful”, o primeiro episódio da sexta temporada de Black Mirror, estreou há pouco menos de um mês na Netflix e recebeu algumas críticas negativas. Cá entre nós, acredito que doeu por ser uma verdade escancarada e satirizada.
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O episódio mergulha o público em uma jornada satírica e provocativa sobre a privacidade digital e alguns efeitos bizarros da tecnologia na vida das pessoas. Com Annie Murphy e Salma Hayek como personagens principais, “Joan is Awful” nos leva a confrontar as realidades sombrias que podem ser resultado de nossas próprias ações digitais. E o pior: realidades atuais, e não as distópicas que estamos acostumados a assistir em Black Mirror.
Desconstrução da Privacidade
Através da metáfora poderosa de “Joan is Awful”, o episódio expõe as falhas e consequências da falta de privacidade em nossa era digital. A dramatização dos eventos cotidianos de Joan, com base em dados coletados por meio de um aplicativo de streaming, o inesquecível “Streamberry”, ilustra de maneira marcante como nossas vidas estão sendo constantemente monitoradas e manipuladas. Ou seja, o impacto emocional dessa perda de privacidade é exemplificado pela reação dos colegas de trabalho e a exposição pública das fragilidades de Joan, destacando a importância da autenticidade em uma sociedade cada vez mais conectada e superficial.
Em 2023, quem ainda não passou por uma situação constrangedora ou difícil por conta da tecnologia? Ou, como apontou a série, a “simples” falta de atenção nos dados privados que consentimos em fornecer a empresas?
Esse episódio é muito Black Mirror
Além de sua narrativa cativante e até mesmo divertida, “Joan is Awful” carrega uma crítica social afiada sobre nossa falta de atenção aos termos e condições que aceitamos em aplicativos e serviços digitais. Da mesma forma, episódio nos faz questionar nossos próprios comportamentos e a que preço estamos dispostos a sacrificar nossa privacidade em troca de comodidades tecnológicas. A sátira das empresas que exploram os medos pessoais do público para obter audiência adiciona uma camada de complexidade à crítica, apontando para as responsabilidades coletivas de enfrentarmos as consequências de nossas decisões.
“Joan Is Awful” é bom?
Na minha humilde opinião, “Joan Is Awful” é genial. A trama convida o público a questionar suas práticas e o valor da privacidade em uma era de tecnologia onipresente. Além disso, o episódio permanece como um lembrete oportuno das escolhas que fazemos online e das implicações imprevistas que podem moldar nosso futuro coletivo.
Eu mesma, até hoje lembro desse episódio sempre que rejeito algum termo de uso. Igualmente, quando leio com atenção aos pop-ups que aparecem na minha tela.
Nesse sentido, “Joan is Awful” é uma pérola humorada em meio ao universo sombrio de Black Mirror. Salma Hayek roubou a cena e arrancou gargalhadas interpretando a si mesma do jeito mais latino possível. Ao mesmo tempo, Annie Murphy fez seu nome no papel da protagonista. Com essa dupla, a narrativa ganha vida e diverte e faz refletir sobre a privacidade digital e nossa falta de controle sobre o mundo virtual.
(*) Especial para o Cidade Conecta