• janeiro 10, 2024
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Descansar é preciso

Descansar é preciso

O cansaço mental e o emocional muitas vezes andam juntos e misturados

mulher de negocios cansada cobrindo os olhos com olhos desenhados no papel
Descansar é preciso (Foto: Freepik)

Por Luciana Gallo

Há um livro muito bom que sempre está entre as minhas indicações, escrito por Byung-Chul Han: Sociedade do Cansaço. Essa obra traz uma discussão sobre os efeitos provocados na mente das pessoas pelas mudanças sociais, culturais e econômicas do século 21. E é justamente o que queria trazer para reflexão: o tal do descanso.

Também já li e me deparei com a seguinte frase, cujo autor ou autora desconheço: antes de desistir, descanse!

Podemos já aqui fazer uma classificação importante, distinguir os tipos de cansaço. De pronto posso apontar três: o cansaço físico, o mental e o emocional. Cada um com suas causas, características e consequências, claro. Algumas semelhantes entre si. Como somos seres bio-psico-sociais-emocionais, tudo em nós está interligado. O esgotamento mental muitas vezes pode resultar em algum problema físico ou biológico. Mas é sempre importante que cada um de nós saiba analisar e entender o seu momento, o seu tipo de exaustão que está vivenciando, para que possa conseguir sair dela ou resolvê-la de uma forma mais inteligente e rápida.

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O cansaço do corpo pode vir de um dia de muita atividade física, uma caminhada mais longa, uma faxina pesada em casa no final de semana, uma tarde de esporte com a família ou os amigos, uma segunda-feira de reuniões ininterruptas, ou um bate-e-volta para outra cidade para visitar um cliente importante.

O cansaço mental e o emocional muitas vezes acontecem juntos e misturados. É difícil em vários momentos distinguir pensamentos de sentimentos ou emoções. Então às vezes precisamos tratá-lo num pacote só.

Olhe à sua volta: dificilmente hoje encontramos alguém que não está cansado em um desses três aspectos. O ser descansado, nos dias atuais, é a exceção à regra.

Não sou da área da saúde, mas com base no meu conhecimento empírico, na minha experiência e nas observações e nas interações que tenho com tantas pessoas e profissionais ao longo do meu trabalho cotidiano, acredito que é muito mais difícil descansar a mente do que o corpo. Pelo simples motivo de que a nossa mente – ou pelo menos a mente da maioria de nós – não para nunca!

Também não é novidade para ninguém, e não é preciso ser nenhum estudioso, especialista ou cientista para saber que estamos vivendo uma enxurrada de informações e estímulos. Todos os dias, da hora que acordamos até o momento de ir dormir, estamos com nosso “HD ligado”.

Em 2016 uma pesquisa da Universidade de Berkeley, Califórnia, constatou que consumíamos cerca de 34 gigabytes de informação por dia, equivalente a uma bíblia por semana. Neurocientistas estimam que produzimos uma média de setenta mil pensamentos por dia.

Soma-se a isso o fato de sermos uma sociedade marcada pelo trabalho e pelo fazer. Isso, por si só, não é ruim. Por isso chegamos até aqui. Acredito ser importante e consistente que a gente se esforce, busque e faça mais e melhor o que precisa ser feito, cada um na sua área de atuação e interesse. É assim que a evolução individual, coletiva e social acontece.

Bom, o problema está na mesa: a maioria das situações a que somos expostos, ou a que nos expomos, nos causa algum desses cansaços. Como sair desse looping ininterrupto de esgotamento?

A melhor (e maior) porta de saída aqui não é a escada de incêndio…

É encontrar o equilíbrio nesse processo de “fazer e acontecer”. Não ser “oito ou oitenta”. De um lado ser super produtivo, super atleta, super animado, super mãe ou super pai, o famoso “funcionário do mês”, não parar nunca, sempre buscando fazer mais e mais, participar de mais eventos, mais encontros, e do outro lado ser do tipo “deixa a vida me levar”, preguiçoso, “devagar quase parando”. A sabedoria – como diriam os sábios – está no caminho do meio!

É definir a prioridade daquele dia, daquela semana, daquele mês… seguir fazendo escolhas dentro do que é mais importante para você, abrindo mão daquilo que não é.

É parar de “dar comidinha” a pensamentos e emoções exaustivas, que enfraquecem você e não acrescentam em nada no seu processo de desenvolvimento pessoal.

É se posicionar, dizer mais sobre suas necessidades e mais “nãos” sem culpa.

É saber pedir ajuda. De um profissional, de alguém que você conhece que já passou por uma situação parecida com a que está vivendo, de qualquer com quem você pode compartilhar suas dores ou suas tarefas.

E se nada disso resolver, tatue a frase bem grande: ANTES DE DESISTIR, DESCANSE!