• março 13, 2024
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O Horror!

O Horror!

O absurdo é tamanho que, o buraco, inaugurado dia 7 de março, continuou impávido e colosso, inclusive durante o fim de semana

Humberto Filho
Humberto Filho

O pavor e resumo da expressão, “o horror, o horror”, vem do livro, “Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, em 1899. Seu ápice e popularização vieram do filme “Apocalipse Now”, de Francis Ford Copolla, em 1979. Em ambos, com toda licença poética, o horror significa “o fim”, a miséria humana. Trocando em miúdos, “percam toda a esperança, “fim da picada”, “não tem mais jeito que dê jeito”, “só Jesus na causa”, “a vaca foi pro brejo” ou simplesmente: danou, com f…

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E ainda não cansei de explicar e replicar aqui mesmo. Guardadas as imensas proporções, a expressão, “o horror, o horror”, cai como uma luva de concreto, cheia de chumbo, quando tratamos da mobilidade urbana em Belo Horizonte. Melhor! Imobilidade. O caos, o colapso e o apocalipse já estão aí, “now”, agora.
Até então, reclamávamos e pedíamos o óbvio: obras. Minha gente, obra é apenas um substantivo feminino, resultado da ação, ou do trabalho, no caso, em qualquer grande cidade do mundo, como Belo Horizonte.
Estamos fartos de engarrafamentos. Aqui, perder tempo, além de dinheiro, virou questão de saúde.
Além do trânsito caótico, da falta secular e eterna de um metrô de verdade, mais linhas exclusivas de ônibus, com variáveis que existem no mundo inteiro; ainda sofremos e suportamos, calados, os maiores absurdos.
O absurdo é tamanho que, o buraco, inaugurado dia 7 de março, continuou impávido e colosso, inclusive durante o fim de semana. Os responsáveis deram bonitos prazos, mas avisando: as chuvas podem atrasar os trabalhos. Mas não só! Tem coisa pior, mais ridícula e absurda. Por causa do trânsito conturbado e engarrafado, o material para reparação do dano não consegue chegar ao local. Parece comédia, mas é drama e tragédia.
Mas vamos direto ao assunto, mais velho que a Serra andar para frente: o trânsito que não anda. Há décadas estamos entregues à própria sorte. Ou seria azar? Quem são os responsáveis irresponsáveis? Nossas autoridades ou nossa sociedade passiva, que não cobra, que não deixa o carro em casa, que não dá carona, por preguiça, comodidade ou achar que nada vai ou pode mudar?
Contar com o fantasma da BHTrans, inimiga número dos automóveis sem oferecer alternativa? A BHTrans que vive no Mundo da Lua, achando que aqui é Paris. E Paris com metrô. E sem greve de metrô, trens e ônibus, situação que é uma filial do Inferno.
BH parece um castelo de areia, melhor, um castelo de cartas, lembrando muito aquela música do Ivan Lins/Victor Martins, “Cartomante”, que assustava: “Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, cai, não fica nada! ”. Só ficam os caras de pau.
Fato: se não acharmos saída, num esforço conjunto entre usuários e governantes, o colapso que já chegou, vai aumentar e se procriar. Precisamos de soluções específicas para Belo Horizonte – e não me falem em ciclovias para marcianos, por favor! Túneis, trincheiras, elevados e viadutos bonitos, sem poluição visual, por favor.
Não precisamos apelar para carros voadores da ficção científica, como em “Blade Runner”. Não são coisas do outro mundo ou do futuro, mas teleféricos e monotrilhos e, vamos lá, até do passado: bondes!
Podemos também, num exercício de urbanismo básico, ligar avenidas onde for possível, onde ligações cabem, mas não existem. Tão óbvio!
Dicas? Milhões! A linha do trem, no famoso Parque Linear, última saída para o Centro Sul; uma rota entre o Belvedere e a Praça do Papa, futuramente com o Taquaril, aliviando a sobrecarregada Nossa Senhora do Carmo, na entrada da cidade; mais Contorno, Patagônia e Bandeirantes.
Simples alternativas que estão no ar, enquanto deveriam estar na mesa de discussões e de planejamento. Por quê? Viva a “vanguarda do atraso, a turma do contra, a banda do deixa para depois”.
E o depois já chegou, em forma de tragédia anunciada, confirmada e diária.