• julho 6, 2025
  • 6 minutos

Entrevista: Propostas autorais 100% mineiras

Entrevista: Propostas autorais 100% mineiras

Sob o comando da Chef Ana Gabi Costa, Trintaeum Restaurante celebra as raízes do estado e incentiva a economia local

Propostas mineiras no restaurante 31
Ana Gabi Costa: “Cada etapa foi essencial para que eu entendesse o poder da gastronomia como expressão cultural” (Foto: Izadora Delforge)

 

Com passagens por renomadas cozinhas e um saber profundo dos sabores e rituais, Ana Gabi Costa, expoente de uma nova gastronomia mineira, resgata suas memórias para criar pratos especiais e traz propostas por imersões exclusivas no mais novo restaurante da capital, o Trintaeum. Inspirada por suas vivências — do queijo fresco ao pão na chapa, da costelinha à taioba — a Chef imprime um estilo autoral que transforma ingredientes do cotidiano em pratos inesquecíveis.

Mãe do Tarcísio, do Raul e da Carmem, Ana Gabi tem passagem por grandes cozinhas e aprendizado com alguns dos maiores Chefs do País. Seu trabalho valoriza pequenos produtores, saberes locais e oferece uma conexão com a identidade da culinária regional. Nesta entrevista ao CIDADE CONECTA, Ana Gabi fala dessa nova proposta de ter um restaurante 100% mineiro e das reeleituras gastronômicas dos pratos mais tradicionais da culinária de Minas Gerais.

Por que um restaurante 100% mineiro?

Somos um povo que se alegra em cozinhar e oferecer alimentos. Por isso, desenvolvemos uma relação de carinho e cuidado imenso com a comida que está presente nos refogados, nos temperos, nos preparos mais demorados das carnes para alcançar a melhor textura e sabor. O Trintaeum vem de um desejo de enaltecer a cozinha e a cultura mineira. Queremos apresentar a tradição de forma sofisticada, com ingredientes do nosso estado. É um conceito que traz a mineiridade em todas as camadas, desde a escolha dos fornecedores, até a seleção dos produtos, concepção do cardápio e a carta de vinhos. Acima de tudo, nos propomos a oferecer uma comida bem-feita, bebidas selecionadas, ambiente agradável e atendimento de excelência. A gente espera que isso tudo leve nossos clientes a vivenciar o melhor da cultura e da hospitalidade mineira.

Como é feita a seleção dos produtores e insumos mineiros?

O relacionamento com vendedores dos mercados, representantes do interior e a rede de produtores que se conhecem e se apoiam, foi fundamental para que pudéssemos alcançar as receitas de altíssima qualidade que apresentamos hoje. Escolhemos nossos ingredientes e cada item presente no menu, levando em consideração relevância, sabores, texturas, encontrando os parceiros ideais e realizando muitos testes. Somos fiéis à premissa maior do nosso projeto que é trabalhar exclusivamente com itens mineiros, a exemplo da Coca-Cola que não está presente no nosso cardápio. Sabemos que esse é um grande desafio, tanto no que diz respeito à produção em baixa escala, logística de entrega e padrão de qualidade, mas não abrimos mão de solucionar e atravessar essas barreiras. E esse é só o início dessa construção. Quero cada vez mais trazer produtos e fornecedores que possam somar a essa curadoria. Para a escolha dos queijos utilizados na casa, tanto na degustação guiada quanto nas receitas, contamos também com o apoio dos especialistas Denise e Eduardo Girão, da “Só Queijo Cura”. Eles fizeram um trabalho incrível em parceria conosco.

Como sua trajetória influenciou na elaboração do projeto do Trintaeum?

Minha história na gastronomia é composta por anos de dedicação, aprendizado e muito amor pela cozinha mineira. Tive a honra de passar por restaurantes renomados. Foi nesses espaços — e, sobretudo, ao lado de grandes mestres, que comecei a desenvolver as bases da minha cozinha autoral. No entanto, foi no resgate das minhas memórias que surgiram efetivamente as minhas primeiras inspirações. Aprendi a importância da técnica, do respeito aos ingredientes e, principalmente, da identidade no prato. Cada etapa foi essencial para que eu entendesse o poder da gastronomia como expressão cultural. Mais tarde, no Templo Cervejeiro Backer, trabalhando ao lado do Chef Felipe Galastro, pude ampliar minha atuação e visão criativa. Além disso, tive a oportunidade de assumir consultorias em gestão e operação de estabelecimentos gastronômicos em Belo Horizonte. Sempre acreditei que a cozinha deve ser uma ponte entre o passado e o presente — por isso, meu objetivo foi manter vivas as memórias e sabores tradicionais de Minas Gerais, valorizando os ingredientes locais, mas sem renunciar a um toque de sofisticação e surpresa em cada prato. Tudo isso culminou na criação do Restaurante Trintaeum, um espaço que nasceu do desejo de unir tradição e inovação. Aqui, cada detalhe foi pensado, desde a escolha dos insumos ao cuidado com a apresentação dos pratos. O Trintaeum é, acima de tudo, a materialização de um sonho: o de compartilhar a riqueza da nossa gastronomia de forma autoral e única.

Quais são os próximos passos?

O Trintaeum é parte de um projeto robusto e moderno no coração de BH. A partir do segundo semestre, estará muito bem acompanhado por outros dois empreendimentos inaugurados no mesmo prédio, que agora passa por um retrofit para se transformar em um hotel da bandeira australiana Tribe, além de um café, o Broa, que irá funcionar logo na entrada do prédio e o Coreto, uma drinkeria no rooftop que trará petiscos e drinks clássicos e autorais. Todos preparados com ingredientes produzidos em nosso estado.