- maio 28, 2025
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Artigo: Decidir bem é ouvir a base e enxergar longe

Por que ainda subestimamos a inteligência que emerge da base das organizações e temos tanta dificuldade em tomar decisões cujos efeitos só aparecerão no longo prazo?

Roque Almeida (*)
Ministrei recentemente, em Belo Horizonte, o curso “Tomada de Decisão Baseada em Inteligência”, pela Mater Academy. Foi um encontro especial, que reuniu empresários, líderes e gestores que buscam mais do que ferramentas: querem visão, contexto e capacidade de decidir com impacto.
Enquanto preparava a aula, fui provocado por duas questões que merecem mais atenção no debate corporativo. A primeira: por que ainda subestimamos a inteligência que emerge da base das organizações? A segunda: por que temos tanta dificuldade em tomar decisões cujos efeitos só aparecerão no longo prazo?
A verdade é que muitas empresas cultivam um tipo de cegueira institucional. Ouvir a base se tornou, em alguns casos, um gesto protocolar, quando deveria ser uma fonte contínua de aprendizado estratégico. A pessoa que está na ponta, operando um processo ou atendendo um cliente, muitas vezes tem uma leitura mais lúcida da realidade do que aquele que vê a empresa apenas pelo retrovisor das planilhas.
Do outro lado, existe o dilema do tempo. Decisões verdadeiramente estratégicas quase sempre exigem amplitude temporal. A capacidade de enxergar efeitos que só vão se revelar em meses ou anos. Mas nossa ansiedade pelo resultado imediato pode matar, antes da hora, ideias que salvariam a empresa mais à frente.
No curso, exploramos um conceito essencial: a inteligência está menos no dado em si, e mais na pergunta que se faz sobre ele. Quando criamos um ambiente que valoriza tanto a escuta da base quanto o pensamento de longo prazo, ampliamos exponencialmente a qualidade das decisões.
A liderança do futuro será menos baseada em fórmulas prontas e mais na capacidade de integrar visões. A base e o topo. O agora e o depois. O número e o comportamento. Porque decidir com inteligência não é apenas escolher bem, é também sustentar a escolha até que ela floresça
