• dezembro 9, 2023
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O melhor lugar do mundo

O melhor lugar do mundo

Belo Horizonte é uma linda cidade, mas precisa de muitas obras viárias que melhorem e destravem a mobilidade urbana, nosso direito de ir e vir

Humberto

Parabéns para você, Belo Horizonte, nesta data querida, em que completa seus primeiros 126 anos, como muito futuro e lindos horizontes pela frente. Feliz ano novo, cidade que tanto amamos e, por isso mesmo queremos que seja cada vez mais moderna, civilizada, prática, verde e habitável.

O presente que você merece, hoje e há anos? Obras estruturantes e mais obras, infraestrutura na veia. Tanto que, a última grande novidade capitaneada pela PBH foi a trincheira da avenida Raja Gabaglia, em 1991/92. Você merece mais, nós merecemos mais. Mesmo sendo a terceira maior região metropolitana de País, com cerca de 6 milhões de habitantes, Belo Horizonte é um cemitério de obras, melhor, um deserto e, como dizem, nossa capital, em vez de fazer canteiro de obras faz obras em canteiros.

Sem obras, as ruas ficam menores e os quarteirões mais curtos. Onde estão os lindos túneis e viadutos que tornariam a vida de 6 milhões de habitantes, da Grande BH, muito mais fácil?

Há alguns meses, em uma festa, amigos falavam da chuva e do bom tempo; de viagens inesquecíveis e cidades incríveis; das boas coisas da vida e de planos; enfim tudo o que rega e anima uma boa conversa.

A diversão continuou até que uma alma iluminada resumiu tudo: “o melhor do mundo, da vida, é aqui e agora”. E ela está certíssima.

Eu mesmo filho e habitante de Belo Horizonte, amo e tenho certeza de que a melhor cidade do mundo é BH. Pelo menos aqui e agora.

Claro que BH não é Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza ou Paris. Em compensação não temos os problemas de Paris, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro.

Belo Horizonte é uma linda cidade, está no nome dela. Não é uma cidade enorme, daquelas que multiplicam pepinos, nem uma cidade pequena onde na salada falta até alface.

Temos ótimas escolas, universidades, hospitais. Áreas verdes e de lazer. Parques, praças, mirantes. Temos pouca história, claro, mas belo horizonte também significa eterno começo, renascimento e tudo indica que ele será bem melhor do que o hoje.

BH é uma cidade rica e pode ser muito mais. A ex Cidade Jardim pode voltar a ser linda floresta. Ainda falta muito para ser considerada cosmopolita, mas deixa nada a desejar, num mundo onde, o outro lado do planeta está a um clique de computador ou de um simples telefone.

Temos uma modernidade em lojas, shoppings, cinemas, teatros, centros culturais, duas orquestras, inúmeros corpos artísticos e, sabiam? A Fundação Clóvis Salgado ou Palácio das Artes para os íntimos, é um dos maiores complexos culturais da América Latina. Sem falar em outro espaço único, talvez no mundo, aqui ao lado, o Instituto Inhotim. E quem pode ter uma Ouro Preto como “quintal”, área de lazer?

Temos três grandes times de futebol cobertos de glória e uma Arena MRV novinha em folha, um dos melhores estádios do mundo.

Ainda somos a Cidade dos Bares, logo, da noite e com Segurança! E BH é Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco. A prova está em bares, restaurantes e num Mercado Central sem igual.

OK! Não temos muitos e ótimos museus, mas estamos a caminho da Pinacoteca Minas Gerais, na Praça da Liberdade, uma das mais exuberantes do Brasil. Enquanto isso, exposições e mostras, até internacionais, não nos faltam. Em vez de mar e praias, temos cachoeiras e rios de matar de inveja.

Então, calmaí! Estamos falando da melhor cidade do mundo, aqui e agora? Estamos falando de uma cidade onde vivemos e vivem nossos amigos e familiares? Estamos falando de um mundo perfeito? Não! Porque ninguém perfeito, mas pode se esforçar para ser.

Então, o que falta na cidade quase perfeita? Por incrível que pareça, algo muito sério, mas não impossível. É até básico e repleto de exemplos que funcionam em vários lugares do mundo. Estamos falando falta de obras viárias que melhorem e destravem a mobilidade urbana. Sim, direito de ir e vir, de circular com conforto, velocidade e segurança.

Repito e insisto. Falta-nos muita, muita infraestrutura em forma de largas avenidas e pistas, túneis e viadutos, mas obras que deixem a cidade mais moderna e principalmente bonita. Obras, sem poluição visual. Para isso, arquitetos e urbanistas foram feitos.

A eterna espera do metrô, para mim, como leigo, mas como cidadão, tem uma implementação é inviável numa cidade tão montanhosa como a nossa BH. A cidade, na verdade, não priorizou faixas exclusivas de ônibus nas principais avenidas da cidade, como Curitiba e Bogotá fizeram.

Um exemplo da eficiência da linha exclusiva é Move, a única experiência que deu muito certo. Ele anda com rapidez, conforto e segurança aos usuários do transporte coletivo. Mais ainda é pouco: avenidas como Afonso Pena, Amazonas, Via Expressa/Tereza Cristina, Nossa Senhora do Carmo e Contorno também precisam de intervenções e invetimentos para dar ao ônibus uma fluidez maior.

O que mais temos na teoria que ainda não temos na prática? Muita coisa, muitas opções.

Outras ideias criativas para BH, complementares aos ônibus, poderiam ser o teleférico, que é eficiente e tornaria a cidade mais bonita – e ainda incrementaria o turismo -; e os monotrilhos, também eficientes e mais baratos que uma linha subterrânea de metrô.

Por estas e várias, este texto não quer apontar o dedo ou responsabilizar antigos e recentes prefeitos; ele pretende ser um Manifesto pelo Desenvolvimento Urbano e Viário de Belo Horizonte, aceitando sugestões de profissionais; de simples usuários que amam a cidade e conhecem o drama diário de perto.

Esperar metrô é esperar Godot, aquele que nunca virá; obra complicada, cara, longa, mas eterna. No entanto, há anos, parece que existe uma maldição pairando sobre a capital. Uma cidade onde – como se fosse terra santa ou sítio arqueológico – é proibido mexer, construir, evoluir. Levantar um viaduto, cavar um túnel, erguer uma trincheira não é crime.

É preciso que, para BH se tornar uma cidade próspera, a população, Ministério Público, políticos e imprensa pensem como uma cidade grande. Para, juntos, descobrirem novos caminhos com criatividade e uma certa dose de ousadia.

Enquanto outras grandes cidades do Brasil procuram e acham soluções, BH está parada, resignada, acostumada, achando que o absurdo é um absurdo, mas é normal.

E aí, caras e caros? Vamos engatar a primeira no Manifesto pelo Desenvolvimento Urbano e Viário de Belo Horizonte?

A coluna espera sugestões, dicas, ideias, exemplos porque, “depois de tudo que eu disse, muito embora muito antes, o melhor lugar do mundo tem que ser aqui e agora”.

Em breve, vamos provocar vocês com algumas ideia fora da caixinha para BH. Aguardem!