• agosto 10, 2023
  • 10 minutos

Filarmônica de Minas Gerais e Grupo Corpo lotam a Sala Minas Gerais

Filarmônica de Minas Gerais e Grupo Corpo lotam a Sala Minas Gerais

Encontro de dois patrimônios mineiros reconhecidos no Brasil e no exterior emociona mais de 5 mil pessoas durante apresentação do balé Estância

Filarmônica de MG e Grpo Corpo
A Filarmônica de MG e o Grupo Corpo juntos pela primeira vez no palco da Sala Minas Gerais (Foto: Personal Press/Divulgação)

Um encontro de dois patrimônios mineiros reconhecidos no Brasil e no exterior emocionou o público de mais de 5 mil pessoas entre os últimos dias 3 e 6 e agosto: o Grupo Corpo e a Filarmônica de Minas Gerais, juntos, se apresentaram na Sala Minas Gerais, em BH, para celebrar os 15 anos da orquestra hoje sob a atura do maestro, diretor artístico e regente titular Fabio Mechetti. O espetáculo teve coreografia e a direção artística dos irmãos de Rodrigo e Paulo Pederneiras.

Os dois grupos, que já se apresentaram juntos em 2015, voltaram a se encontrar, dessa vez ao vivo num palco, para a estreia no Brasil do balé Estância, do compositor argentino Alberto Ginastera. O balé foi uma encomenda da Filarmônica de Los Angeles ao grupo e estreou no Hollywood Bowl, com a regência do maestro Gustavo Dudamel, em julho. Seis Danças Sinfônicas, parte da obra gravada junto à Orquestra, também foi interpretada pelos dois corpos artísticos, e a obra Danças Sinfônicas de Grieg complementaram o programa das quatro noites.

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Segundo o maestro Fabio Mechetti, para exaltar ainda mais a celebração dos 15 anos da Filarmônica, foram unidos dois dos maiores patrimônios culturais mineiros, exemplificados pela seriedade e excelência do trabalho desenvolvido, da penetração que esse trabalho tem tanto em Minas quanto no exterior.

“Pela riqueza a artística com que música e dança transformam positivamente nossa sociedade. Ficamos muito honrados e felizes com esta possibilidade singular da apresentação conjunta dos nossos dois grupos artísticos. Foi uma experiência excepcional para todos nós”, ressaltou.

O diretor artístico do Corpo, Paulo Pederneiras, também destacou o talento das duas instituições mineiras.

“É uma alegria constatar o reconhecimento do nosso trabalho por um dos mais importantes regentes da atualidade e uma das maiores orquestras do mundo e estrear no Brasil com a Filarmônica de Minas Gerais, grupo excepcional”, acrescentou.

Estância, de Alberto Ginastera

O maestro Fabio Mechetti traz sua análise da peça, que frequentemente é apresentada em sua versão sinfônica reduzida:

“Estância é, talvez, a obra mais famosa de Ginastera. Nela, ele consegue unir a rusticidade do folclore rural argentino ao lirismo que também caracteriza a música de raiz do nosso país vizinho. Como não poderia deixar de ser, ela tem uma dominância rítmica bastante acentuada, uma orquestração que valoriza os instrumentos de percussão e, nesta versão, conta também com a participação de um narrador/cantor, que conecta a ação à narrativa musical que se desenvolve”, observa.

Rodrigo Pederneiras, por sua vez, que morou na Argentina em sua juventude, conhece muito bem a música de Ginastera.

“É uma peça muito conhecida, principalmente na Argentina. Sempre gostei muito dela”. Como acontece em todas as criações, ele é guiado pela música. “Embora a peça seja narrativa, acompanhando um dia na vida do fazendeiro, o balé não segue a linha figurativa. Tivemos toda a companhia dançando, com cenas de tutti e também solos, pas-de-deux e grupos menores”, comenta.

15 anos da Filarmônica

Ao completar 15 anos em 2023, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais reafirma a sua vocação pela excelência artística e vigorosa programação, que a tornou referência no Brasil e no mundo desde a sua fundação, em 2008. A entidade recebeu numerosos menções e prêmios, entre eles o Grande Prêmio da Revista Concerto em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010.
Suas apresentações regulares acontecem em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário nacional e internacional da música orquestral. A orquestra mantém também uma programação gratuita e de formação de público, em Belo Horizonte e outras cidades do estado.
A Sala Minas Gerais, sede da Orquestra, foi inaugurada em 2015, em Belo Horizonte, tornando-se referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico e uma das principais salas de concertos da América Latina. Juntas, Sala Minas Gerais e Orquestra vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional.
A Filarmônica possui 11 álbuns gravados, entre eles três que integram o projeto “A música do Brasil”, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty. Um deles, com obras de Almeida Prado, foi indicado ao Grammy Latino 2020.
Em setembro de 2022 a Filarmônica de Minas Gerais realizou uma turnê a Portugal, apresentando-se nas principais salas de concerto do país, com excelente público e repercussão na imprensa nacional e portuguesa.
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais é mantida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, e conta com patrocinadores privados que também acreditam na força transformadora da música.

Quem é Fabio Mechetti

Fabio Mechetti é diretor artístico e regente titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro.

Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve 14 anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School.

Internacional Grupo Corpo

Mineiros, brasileiros, fazendo uma dança sem fronteiras. Criado em 1975, em Belo Horizonte, o Grupo Corpo é uma companhia onde o Brasil inteiro, com toda a sua diversidade cultural, se reconhece. Num mundo onde a velocidade com que as informações se espalham está produzindo uma paisagem cada vez mais homogênea, o Grupo Corpo se destaca por haver desenvolvido uma assinatura própria. Existem três razões básicas para que a companhia ocupe um lugar singular na arte contemporânea.

Primeira: Rodrigo Pederneiras, seu coreógrafo residente, tornou-se um dos poucos criadores capazes de fazer o balé clássico contaminar-se com as danças populares e, a partir dessa mistura, dar nascimento a um corpo capaz de expandir os limites do rigor técnico.

Segunda: a sabedoria com que Paulo Pederneiras transforma coreografia em obra de dança. Além de dirigir a companhia, assina a iluminação e os cenários que grifam o acabamento cênico de cada produção com um tipo de qualidade que não cessa de inaugurar novas referências. E terceira: um elenco muito afinado, formado por estrelas de luz própria, onde a precisão do conjunto brota de uma sintonia fina entre todos os bailarinos.

Quando se vê o Grupo Corpo dançando, é como se as questões do trânsito entre a natureza e a cultura estivessem sendo bem respondidas. São os diversos Brasis, o passado e o futuro, o erudito e o popular, a herança estrangeira e a cor local, o urbano e o suburbano, tudo ao mesmo tempo sendo resolvido como arte. Arte brasileira. Arte do mundo.

Quem é Paulo Pederneiras

Paulo Pederneiras é fundador, diretor geral e artístico do Grupo Corpo. Desde 1975 à frente do grupo, imprimiu qualidades técnicas, estéticas e um estilo que fizeram do Grupo Corpo uma marca, hoje reconhecida e consumida por países dos cinco continentes. Participou ativamente na definição de todos os detalhes de cada produção, assinou os projetos de iluminação de todas as coreografias e a cenografia de muitas delas. Criou projetos museográficos para importantes exposições como Artes indígenas e Arqueologia, integrante da Mostra do Redescobrimento, por ocasião do aniversário de 500 anos do descobrimento do Brasil, Imagem e Identidade, com o acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e O Tesouro dos Mapas, exposição de cartografia que percorreu as quatro mais importantes capitais brasileiras. Assinou ainda a criação da instalação artística Borboletas do Rosa, em comemoração aos 50 anos de publicação do livro Grande Sertão Veredas,de Guimarães Rosa, e da instalação Memorial da Imigração Japonesa, em BH.

Quem é Rodrigo Pederneiras

Coreógrafo do Grupo Corpo desde 1978, Rodrigo Pederneiras tem seu trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. Ao lado de um grupo de criação e interpretação bastante coeso e afinado, desenvolveu sua própria linguagem, hoje característica do Grupo Corpo. Sua criatividade, sua precisão e seu rigor, aliados à excelência técnica da companhia, foram fundamentais na construção de uma vigorosa imagem da dança brasileira na cena internacional. Além de seu trabalho junto ao Grupo Corpo, criou coreografias para diversas companhias de dança, entre elas o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet do Teatro Guaíra, Balé da Cidade de São Paulo, Companhia de Dança de Minas Gerais, Companhia da Deutsche Oper Berlin (Alemanha), Gulbenkian (Portugal), Les Ballets Jazz de Montréal (Canadá), Stadttheater Saint Gallen (Suíça) e Opéra du Rhin (França).