• junho 14, 2025
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Degustatividade: Antinori no Villeon

Degustatividade: Antinori no Villeon

Berkmann Wine Cellars apresenta grandes vinhos italianos harmonizados com pratos do chef Felipe Leão

Barolo e palmito copa lombo e bernaise e Brunello e morilles francesas jus de boeuf corsé no Villeon
Barolo e palmito copa lombo e bernaise; e Brunello e morilles francesas jus de boeuf corsé (Foos: Léa Araújo)

 

Brunello e Barolo são nomes que impressionam qualquer enófilo, ainda mais quando produzidos por vinícolas tradicionais. A Família Antinori foi fundada na Itália, em 1385, e segue com a 27ª geração à frente dos negócios. Mescla tradição e inovação com respeito ao meio ambiente. Seus vinhos prezam por mais elegância e menos potência, uma tendência do mercado consumidor. A noite foi cheia de surpresas além da Toscana e do Piemonte.

O jantar no Villeon teve início com um surpreendente Riesling húngaro, cultivado em uma região de colinas e solos vulcânicos.

“A variedade Riesling costuma apresentar uma nota combustível e defumada, porém, nesse solo, entrega mais fruta e cítrico ao vinho”, ressalta a gerente comercial da importadora Berkmann, Paula Brazuna.

O Tuzko Riesling 2023 (R$147) foi servido com tarte tatin de berinjela, sorvete artesanal de gorgonzola dolce e nuvem de nozes.

Vizinha da Toscana, a Umbria é uma região que produz vinhos com muito frescor. Inspirado na Borgonha, o enólogo Renzo Cotarella vislumbrou, há cinco anos, uma microrregião propícia para a Chardonnay, aos pés de um castelo medieval de 1350. O Bramito Della Sala Umbria IGT 2021 (R$472) é uma assemblagem de diferentes lotes da uva Chardonnay, tratados separadamente em carvalho e em cubas de inox. Complexo, cremoso e estruturado, harmonizou com a potência do bisque de lagostin, servido com tartare de camarão e quiabo grelhado na brasa.

A Nebbiolo, uva mais importante do Piemonte, é cultivada sob neblina, clima frio que traz bastante acidez ao vinho. O Prunotto Barolo DOCG 2020 (R$899) estagia 12 meses em grandes barris de carvalho húngaro com objetivo de privilegiar a característica de fruta vermelha da uva. Um vinho elegantíssimo que ficou um espetáculo com o carpaccio de copa lombo, palmito assado no forno a carvão e bernaise de basílico.

Maremma, sub-região litorânea da Toscana, entrega uma certa mineralidade nos vinhos. Após receber uma entrega errada de mudas de Malbec (enquanto esperava Cabernet Sauvignon), o enólogo da Antinori realizou todo um estudo do terroir e acreditou naquele solo. O resultado foi o Fattoria Aldobrandesca Vie Cave IGT Malbec 2019 (R$577), vinho macio e redondo, com notas adocicadas que ficaram perfeitas com o purê de marmelo acompanhado pelo magret de pato com toque balsâmico.

Após 36 meses em grandes barris de carvalho, o Pian delle Viane Brunello di Montalcino DOCG 2017 (R$999) ainda revela toda a expressão da fruta dada pela Sangiovese além de extrema complexidade, com toques de chocolate amargo, couro, especiarias e charcutaria. Sensacional com o royale de morilles francesas e jus de boeuf corsé.

Tignanello é uma marca da Antinori que revolucionou não só a indústria de vinhos na Itália como também o mercado vitivinícola do mundo. Em 1970, Piero Antinori contrariou a aristocracia ao plantar videiras francesas em Chianti. Foi considerado um fora da lei e seguiu em frente com as uvas Cabernet Sauvignon na Itália, que deu origem aos supertoscanos. O Tignanello Toscano IGT 2020 (R$1.890) emociona além da história – um vinho de contemplação, realmente bem especial. Para esse ícone, o chef preparou uma paleta de cordeiro servida de colher, de tão macia e suculenta, acompanhada pelo aveludado “la purèe de Joël Robuchon”.

“O segredo é trabalhar a batata quente, cozida com casca, entrar com o leite quente e com manteiga gelada” revela o chef expert em técnicas francesas, Felipe Leão.

Vinsanto é um vinho licoroso produzido pelo método de appassimento da uva, que seca em esteiras durante 3 meses. Ao ser desidratada, a uva concentra açúcar e sabor. O Marchese Antinori Vinsanto 2016 (R$693) mescla malvasia e trebiano, com passagem de três a quatro anos em barril de carvalho. Por si só já seria a sobremesa perfeita, mas foi um sucesso como sorvete de Pain au Chocolat feito na casa.

 

Café da Manhã no Trintaeum

Aquele aconchego que as iguarias e quitutes mineiros nos trazem, servidos com todo requinte que merecem, é o que desfrutamos no Trintaeum. Acaba de ser lançado o café da manhã em estilo buffet completo aos sábados e domingos, das 8h às 10h30 (R$119/pessoa). Somos recepcionados com frutas da estação (caqui, carambola, mexerica e goiaba), um pão de queijo que vale a pena repetir e café coado especial à vontade. No caminho até o buffet, encontramos o carrinho de queijos minas artesanais com cinco variedades de diversas regiões, a exemplo dos Canastras do Miguel e do Mauro, Datas de Diamantina, Casal Gastrô do Campos das Vertentes e Requeijão Moreno do Vale do Mucuri. Prove de todos, claro, e ainda peça para derreter e aguarde sua panelinha de ferro da Lefer à mesa. A chef Ana Gabi trabalhou cuidadosamente na curadoria dos pães, fornecidos pela Trigor, Vianney e Cataguases. Já os bolos de fubá, laranja e cacau com banana e aveia são feitos na casa. Charcutaria artesanal do Casal Gastrô, abobrinha grelhada com tomates tostados, empadinha de queijo, sementes, frutas desidratadas e diversos biscoitos mineiros compõem a fartura da mesa. Há ainda um menu de ovos caipiras, servidos como se fossem pratos principais.

Café da Manhã no Trintaeum na página do jantar no Villeon
Café da Manhã no Trintaeum

Albertina Pães

Renata Rocha é arquiteta de formação e padeira por vocação. E que talento, cuidado e capricho. Cerca de 450 pães são feitos diariamente, um a um, fermentam por 24 horas antes de irem ao forno e praticamente se esgotam. Seus panetones artesanais entram em fila de espera já em outubro. Clássicos, como sourdough, croissant e cookies não saem do cardápio, que muda quinzenalmente. Os três que provei não podem sair da produção, de tão maravilhosos. Com crosta caramelizada e interior úmido e cremoso, o Cannelé de Bordeaux (R$12) conquista pela textura e delicioso sabor de baunilha. O folhado Romeu e Julieta não poderia ter recheio melhor do que a combinação perfeita de queijo parmesão mineiro e goiabada da Zélia (R$25). Ouvi dizer que o pão Missô e Gergelim Tostado (R$35 – 400 gr) faz o melhor queijo quente, concordo! Recentemente, foi inaugurada a loja do bairro de Lourdes com 12 lugares internos e 8 externos, aberta de quarta a sexta, das 10h às 18h, e aos sábados, das 9h30 às 14h.

Albertina Pães na página do jantar no Villeon
Albertina Pães

 

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